Sunday, January 14, 2007

Crônica

Ela entrou no ônibus, sentou num dos bancos no fundo, na janela.
Ele entrou no ônibus, olhou pra ela.
Ela piscou, ele sentou num banco na frente. Esperou uns segundos e se virou. Olhou pra ela, que olhava pra ele. Ele por fim decidiu levantar-se e foi lá, sentar ao lado dela.
- Oi.
- Oi, tudo bem? - Ela dá um risinho nervoso.
E conversam um pouco, de amenidades e bobagens. Ela diz que é enfermeira, está indo pro plantão de 48 horas e só volta pra casa na sexta de manhã. Ele está indo pro centro da cidade.
- Não me olha tanto assim que eu fico com vergonha. Olha, sinceramente, eu fiz mais de brincadeira. Não achei que você viesse mesmo.
- Não tem problema. Me dá o seu telefone?
- Dou. Me liga de tarde, sempre dá pra dar uma fugida, daí a gente dá uma volta.
- Legal. Agora preciso ir. Tchau.
- Tchau.

***
Aí ele me olha já no fim do corredor.
Não quer que eu ligue?
Eu rio. Ligar pra quê? Pra saber se eu cheguei bem em casa?
Você tá arrependida?
Eu rio de novo. Não, bobo. Só estou cansada de confusão.

***
Mas che, COMO EU TÔ CANSADA.
Credo. Parece que uma jamanta passou por mim. Faz dois dias que tô literalmente de cama, os neurônios pifados, a barriga semi-vazia, absoluta falta de vontade de comer, o trabalho foi pras cucuias. Tá, escrevi dois parágrafos - quando devia ter feito umas duas páginas, pelo menos.
Se eu não soubesse que esses dois espirros agora foram só por conta duma poeirinha besta, eu diria que era uma gripe. Nem pra tevê tô com disposição. Ai que dor.

***
E eu, que nunca tinha visto ninguém se conhecer no ônibus e quase dormi durante a história, até que fiquei com vontade de saber qual foi o fim.

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