Monday, April 09, 2007

Revival

Ok, here we go.
Embora o título seja "Revival", talvez fosse mais apropriado algo mais filosófico a respeito do tempo.

O embarque para a primeira missão Voltando ao Pago do ano até que foi bem tranquilo. A despeito do atraso mais do que normal de 40 minutos, cheguei a tempo de curtir aquela atmosfera fim de tarde de outono em Porto Alegre. E aí começou a função. Meu telefone parecia o telefone do produtor da Ana Hickmann: não parava de tocar. Foi assim que marquei a primeira tarefa social da estada: um obrigatório xis na Lima e Silva.
Das sete pessoas com quem encontrei e/ou dividi a mesa nesse convescote, apenas duas eram de minha convivência há menos de dez anos. Eu falei DEZ.
Saí de lá direto para o segundo lugar obrigatório, onde a segunda coisa mais surreal da expedição aconteceu: eu presenciei um show do Serguei. Um misto de Hebe com Dercy Gonçalves e o cabelo da minha boneca que estraguei na pré-escola. Quer dizer, eu presenciei a aparição dele, porque show mesmo que é bom, essa criatura nefasta não tem, nem nunca teve, condições de fazer.
Na quinta feira, depois de duas horas e meia de sono, o panda instaurado sem a menor cerimônia na minha cara, toca pra missão oficial do período. Palestra, com direito a terninho e scarpin. Foi ótimo, mas foi o início do processo voz de alcova - afinal, três horas de latinório não iriam passar impunes. No almoço, mais um encontro do tempo do epa. Treze anos, pra ser mais exata. À noite, um bauruzinho básico com uma companhia de cinco anos de estrada.
Sexta feira santa. Dia de estresse com imposto de renda e relax com a turma pós-dez anos no Gasômetro. Chimarrãozinho básico, ventinho da beira do Guaíba básico, reminiscências básicas. Ao ver os telefones das pessoas com quem eu estava negociando encontros, o da turma dos onze anos tasca "Mas o que é isso? Uma sessão recordar é viver?"
Sim, é. A noite é naquele lugar onde vou há quase NOVE anos, e os encontros têm quase a mesma idade. E a manhã começa com um café da manhã que há SEIS anos não tomava, e nem sabia que ainda tinha estômago para fazê-lo. Evidentemente, xis salada e suco de limão da Lanchera caem bem numa pancinha juvenil, e não numa quase balzaca desacostumada às lides noturnas que terminam oito da manhã. E a voz de alcova instalada confortavelmente na garganta.
Sábado. Aquele cansacinho básico, mas a maratona não terminou. Toca a caminhar pelas ruas de Porto Alegre de outono. Vamos do Centro ao Bomfim tomar sorvete, e do Bomfim ao Menino Deus afofar uns felinos. E do Menino Deus ao centro de volta, desta vez de ônibus que ninguém é de ferro.
Mas a parte mais surreal da visita ainda está por vir, e chega com a madrugada de sábado. É quando DOZE ANOS desaparecem da vista por uma noite. Esquecem que já foram dar uma voltinha em algum lugar do limbo há SETE anos e somem de novo, perdidos numa pista de dança regada a Sol, Chemical Brothers e Madonna. Duas dela, aliás. Vogue e Hung Up: para não esquecer que estamos aqui falando sobre como o tempo passa. Os lugares são novos, as pessoas não. As histórias e as risadas vêm sem pedir licença. E o tempo, pra variar, passa mais rápido do que se espera.
As oito horas de la mañana me surpreendem chegando em casa pela segunda vez. E quando acordo, lá está o pacote completo de fome, dores no corpo, pescoço duro e cansaço. Recolho tudo e rumo para a parte final da missão, a ser completada em fim de tarde no aeroporto. E como não poderia deixar de ser, mais um encontro cheirando a mofo. Desta vez, nós ainda não nos tínhamos visto depois de adultos. TREZE anos separando a época em que convivemos na escola e o encontro de frequentadores de aeroportos, de um lado pro outro nessas vidinhas doidas que nos escolhem.
Pisei no avião me sentindo velha. Não velha, mas... ah, sei lá. Acho que vocês, minhas samambaias (BETTA, 200?) entenderam o que eu quis dizer.

***
Epílogo
Depois de seis horas de operação Minha casa me aguarda e muuuuita reflexão a esse respeito, consigo pisar em casa à uma e quinze da madrugada de domingo pra segunda. Abri a porta e de cara meu nariz acusou: aconteceu alguma coisa. Aquele cheiro de produto de limpeza não estava ali de graça.
Meu apartamento foi faxinado pela senhoria. Com direito a cortininha de crochê na cozinha e presente de páscoa na mesa. Seria ótimo, se não fosse uma invasão. Do bem, mas uma invasão. Até minhas roupas foram lavadas. A cama, impecável como se tivesse sido passada a ferro. A papelada, organizada em outras pilhas. Garrafas, velas, bibelôs, tudo tirado do seu estado normal de demi-sujeirinha. Ainda quero encontrar algumas coisas, e não quero ver quando eu REALMENTE PRECISAR encontrar um papel, ou algo do estilo.
Ah, sim. E pra encerrar com chave de ouro, deixei meus óculos em Porto Alegre.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

é (AnaBetta, 1980) mesmo... quem dera fosse dois mil e alguma coisa... só assim teria uma estrada novinha em folha pra mim... :)
e... eita! quanta energia. eu tanto não tive que nem consegui te ligar... me perdoa?

8:41 PM  

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