Sunday, September 24, 2006

What's a woman

Passa das seis da manhã.
Cá estou, de banho tomado, respirando essa consciência de verdade da minha vida: eu nasci pra viver de noite.
Eu devia ter desconfiado ao me olhar no espelho. Essa pele tão alva não foi feita pra aguentar o calor do sol.
Fui feita pra sentir aquele cheiro mistura de cigarro, suor e vela queimada, pra ouvir os sons mais altos que o corpo pode dançar, pra me mover por entre as pessoas sinuosamente, numa pista ou num salão lotado. Fui feita pra admirar a dinâmica noturna além e aquém balcão - e fazer parte dela.
Tal qual alquimista, fui feita pra aprender a dosar os liquores de modo a propiciar experiências gustativas. Com álcool ou sem álcool, mas sempre com aquela dose de noturnidade. Ludismo. Performance. O barulho das bolas de bilhar na mesa torta. Latinhas se abrindo, psht. O cheiro do bourbon no copo sujo. A chuva redentora no meio da madrugada. Pista cheia o suficiente para não parecer vazia, e vazia o suficiente pra permitir a dança confortável.
São quase seis e meia da manhã e duramente eu encaro: a noite me alimenta.

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