Monday, February 12, 2007

Um edifício no meio do mundo

Já comentei aqui algumas vezes a respeito do altíssimo nível do condomínio onde moro. Pessoas educadas, limpas, cordiais, uma beleza.
Ontem assisti uma discussão duma barraqueira profissional com o porteiro porque, pelo que entendi, o filho subiu para o apartamento e não abria a porta. Aos berros. Às dez da noite.
Hoje descobri que tenho uma vizinha que aparentemente deve ser um pouco menos pior. Pela brancura da roupa, deve ser médica, ou dentista. Melhorzinha.
Mas a hors-concours é a minha senhoria, que também atende pela alcunha de "vizinha da esquerda". Ontem ela bateu três vezes aqui em casa, uma delas às OITO da madrugada de domingo (que eu só descobri porque ela datou e pôs hora no bilhete que deixou). Na terceira vez, trouxe bolo e manjar. E toda, toda vez pede milhões de desculpas, mas é que ela fica preocupada, eu trabalho e estudo, faz de conta que eu sou sua tataravó.
Pois a minha tataravó gosta tanto de mim que além de não cobrar o IPTU deste ano também não vai reajustar o aluguel.
E percebeu que eu tinha pendurado meu ba-guá num dos números na porta e providenciou um preguinho pra ele. E mandou um bilhete pra minha mãe que é praticamente uma novena, de tantas bênçãos que tem nele.
O Rio tem dessas coisas esquisitas pra uma cidade tão grande, como se fosse cidadela do interior. A vizinha é daquelas antológicas, de pedir açúcar.
E as mocinhas da lavanderia? Fui lá hoje e ficaram tecendo loas à minha mãe, que foi lá duas ou três vezes - e elas reconheceram pela fisionomia: "A senhora deve ser mãe então daquela menina que vem aqui bem cedo!!". Mandaram beijos e tudo.
Se eu topasse com um leiteiro de bicicleta aqui, em plena Copacabana, nem ia estranhar tanto.

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