Saturday, March 17, 2007

Tired of me

Depois de ser enxovalhada por um milhão de perguntas por telefone pela médica do plano de saúde (e ficar me perguntando por que diabos se preenche um formulário se se tem de responder tudo de novo depois).
Depois dum dia de cão, reunião até as seis da tarde, calor abafado digno do paralelo 30.
Depois da crise de choro vendo um menino triste na tevê porque a escola dele estava fechada e ele queria estudar, queria ir pra Marinha, tinha um sonho a realizar, seguido pela matéria sobre Picada Café.
Depois dum choque de realidade que eu precisava tomar, e de me dar conta que eu só estava num momento fora de mim.
Depois de andar de moto pela primeira vez no Rio e queimar a perna na porcaria do cano de descarga.
Acordo sozinha em casa, sozinha de mim, sozinha de tudo, com aquela taquicardia de leve, precisando comer e sem nenhum apetite, nenhum paladar, nenhuma vontade nem pra levantar.
Acordo cedo. Ligo a tevê pra que seja trilha sonora do meu sono parte 2, 3, 4. Sono ruim. Confuso. Agitado.
Levanto. Descubro que fui citada num mailing para milhares de pessoas. E dou de cara com um daqueles textos arrasadores. O de hoje é da Tati Bernardi, cujo excerto transcrevo:

"Não tenha medo desse texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. E de eu ser assim e falar tudo na lata. E de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. E de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. E de eu ter ido dormir com dor na alma o final de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. E desse meu agora ser do tamanho do mundo.
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Ta guardado. O da canga e de todo o resto.
Talvez você pense que não merece esse texto. Há quanto tempo mesmo você me conhece? Algumas horas? Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim as sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça."

Sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que não acredito mais em você

Ah, que confusão.

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