Wednesday, June 13, 2007

Memories

Voltar a Porto Alegre é sempre um exercício interessante, pra dizer o mínimo.
Toda vez que venho, escolho algum dos nichos onde minhas coisas estão guardadas na casa da minha mãe para vasculhar e ver em quanto consigo reduzir a coleção de cacarecos, de roupas, de livros e revistas, de lembrancinhas e porcarias que há mais de ano não me fazem falta prática, mas com certeza um dia farão falta sentimental.
Desta vez, já ataquei as caixinhas com recuerdos diversos. E encontrei pérolas das minhas doces épocas de adolescente. Desenhos dos irmãos mais novos das amigas - que agora, assim como o meu irmão, são maiores do que eu. Fotos. Bilhetinhos de aula. Bobajadas universitárias. Presentinhos. As pedrinhas do estacionamento das Cataratas do Iguaçu. Papéis que embrulharam presentes, alguns que nem lembro mais, outros que vou saber para sempre. Cartas, cartões, recortes. Bibelôs. Meu talco-clorita-biotita-xisto da Formação Passo Feio de Caçapava do Sul. Eu não lembro a ocasião, mas lembro que prometi ao meu geólogo favorito gravar o nome, e gravei.
Giz de cera da viagem de um amigo a San Bernardino. Folders dos musicais da Broadway. Fósforos de um hotel no qual nunca pisei. Eu tive uma época em que pedia que meus amigos viajantes trouxessem alguma bobagem para mim, e vários traziam. É por isso que tenho bilhetes de embarque, chaves eletrônicas de quartos de hotel, mapas, guardanapos, papéis de carta, cardápios de lugares onde nunca fui, a não ser em sonho. E nas memórias do não-vivido, pra ficar no trivial memorialístico que tem me acompanhado desde o ano passado. Confesso que não tive coragem de pôr muita coisa fora, não. Mas o que pus, foi com a absoluta certeza de que não adiantava mais existir se eu não sabia mais que um dia havia sido.

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