Tuesday, July 17, 2007

Memória dos bardos das ramadas

Joguei a água e a erva fora. Atirei tudo numa infeliz calçada desta cidade infeliz, ouvindo um taxista imbecil perguntar se era "pros pampas".
"Isto não é uma mulher, é um playground" nesse momento só não me ofende porque veio de alguém que talvez entenda o que vivo agora. Um guasca que nem eu, aluno dos áureos anos do glorioso Colégio Militar do Bomfim.
E na falta de uma melhor empatia, ou de um colo efetivo, ataco de Vitor Ramil, que se não me acolhe, pelo menos me acalanta. Curioso é que do que ele canta nada foi meu cotidiano, mas nada me parece mais familiar.

Memória dos bardos das ramadas
Dos ilhéus, das violas lusitanas;
Memória das guitarras castelhanas
Em milongas, pericons e habaneras.
Lembrança das cordeonas afanadas,
Animando fandangos e guerrilhas;
Saudade das tiranas e quadrilhas
Nos sorongos, em noites estreladas.

Tristeza das toadas missioneiras,
Refletindo a angústia guarani!
Nostalgia do terço lau sus cri,
Rezado ao pôr-do-sol, nas reduções.
Fascínio das histórias fronteiriças,
De caudilhos, duelos, entreveros!
Sensações de canchas, parelheiros,
No aconchego noturno dos fogões!

Memória do negro pastoreio,
Da boi-guaçu, das lendas extraviadas,
Das salamancas, das furnas encantadas,
Dos cerros bravos, lagoas e peraus...
Nobreza dos amores confessados
No floreio de endechas cavalheiras
Ao donaire das prendas e sesmeiras,
Das vetustas estâncias, nos saraus.

Memória da payadas quixotescas
De andarengos, malevas, chimarritas,
Dos menestréis de trovas não escritas,
Dos cancioneiros de romance e adaga!
Memória dum passado novelesco,
Desse filão de motes e poesia
Donde gerou-se o estro e a galhardia
Do fidalgo verso gauchesco!

Tradução? Não tem. Virem-se, seus ignorantes de merda.

1 Comments:

Blogger Anamein said...

hahahahah vitor ramil é mestre. e mais mestre ainda foi o "virem-se"!

8:48 AM  

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