Saturday, September 29, 2007

I've got to see you again

Eu permaneci com o status de casada durante quatro anos, três meses e vinte e quatro dias. Somando-se o tempo de namoro antes disso, dá cinco anos e dezessete dias vivendo e compartilhando a vida com a mesma pessoa. Quando a gente faz uma opção dessas aos vinte e um anos, em pleno século XXI, alguma coisa só pode mudar de maneira definitiva. Optei pela vida monogâmica praticamente no dia em que oficialmente me desliguei da universidade, saindo da minha colação de grau.
Uma mulher que se casa aos vinte e um anos é obrigada a fazer escolhas e a ouvir coisas que nenhum homem tem noção. Aos vinte e um anos, recém saída da universidade, ser casada - ou monogâmica, ou, mais coloquialmente, "namorando sério" é quase uma heresia. Instala-se um clima quase hostil. A gente é acusada de abandonar todo mundo, quando na verdade o que ocorre é que o meio em si não sabe o que fazer quando um dos membros resolve abrir mão da putaria em nome de algo maior, de uma construção, de um futuro vislumbrado junto com alguém.
É por isso que tantas e tantas mulheres acabam com suas vidas e assumem a vida do marido, os amigos do marido, a rotina do marido. É mais fácil ser acolhida na turma do marido. Não é difícil assumir o papel de acompanhante quando não temos outras opções. Comigo não foi muito diferente, não. Passei a conviver com os amigos dele e tudo bem.
Aí o casamento acabou. Saí da vida monogâmica duas semanas antes de começar uma nova escalada acadêmica, rumo ao grau de Mestre - o que estava implicando uma série de outras mudanças, mil e quinhentos quilômetros de distância para além da já óbvia distância afetiva, etc. e tal.
E o que passa comigo agora, um ano e meio depois desse fim, é uma situação esquisita. O mundo girou e parou no mesmo lugar de antes de eu casar. Todas aquelas pessoas que estavam na minha vida antes, bem antes até, e que por algum motivo acabaram desaparecendo, reapareceram como que por encanto. É como se houvesse um gap de cinco anos na minha vida.
Só não é um gap total porque mantive alguns dos amigos deste tempo - amigos dele, inclusive. O que é ótimo. Mas de resto, está sendo bizarro. É estranha a sensação de que nada mudou. Pior é retomar antigos sentimentos, antigas cumplicidades - o que mais faz falta para alguém que largou uma vida e foi viver outra quatro Estados mais para cima. É o tipo de coisa que só longos anos de estrada conjunta permitem ter. Mesmo que vários dos anos da contagem total tenham sido vividos em cantos diferentes do universo, ter com quem lembrar do que se viveu há oito anos não se acha em qualquer esquina.
Mas lembrar disso tudo só pelo mediador universal das relações humanas de hoje em dia - internet, msn, essas maravilhas pós-modernas - está sendo um bocado dolorido. Que fazer com tudo isso que agora retorna? Que fazer com a vontade de dar o abraço de tantos anos atrás? Que fazer com aquela nostalgia das caminhadas, das conversas da madrugada, do suco da Oswaldo Aranha? Que fazer com as promessas até hoje não cumpridas?
Que fazer quando se vive uma vida dupla, nem bem ao norte, nem tão ao sul?

1 Comments:

Blogger cherrytati said...

Ai...ai...parece que estou lendo um pouquinho sobre a minha vida. Será que são os 30 (no meu caso) ou a proximidade deles (no teu)?

12:45 PM  

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