Sunday, October 07, 2007

The big medley

Me pego discutindo teoria lingüística num final de domingo, e aprendendo gramática regular, e fazendo resumos, e escrevendo, e mil outras coisas...
enquanto penso no Manuel Bandeira.
Pensei num, fui procurar e veio outro que é também uma luva pra mim:

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
[protocolo e manifestacoes de apreco ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
[o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras, sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções, sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos, sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto nao é lirismo
Será contabilidade tabela de cosenos secretário do amante exemplar
[com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de
[agradar às mulheres etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que nao é libertação.


Mas enfim, cheguei nele procurando este:

ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas sao incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.


E ouso discordar.
Só acho que o difícil é corpos e almas se entenderem ao mesmo tempo.
Almas se entendem, mas não quando os corpos o fazem, eu acho.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home