Monday, February 12, 2007

Sozinho

Neste Rio de Janeiro de milhões de habitantes, onde só nas favelas vive uma Porto Alegre inteira, só tem uma classe mais desesperada para se amarrar do que as mulheres: os homens.
Neste quase um ano de cidade, minhas observações antroposociais me levaram a concluir o seguinte: estamos permanentemente brincando de Pepe Le Pew e Penelope. A gente dá um dedinho, eles querem não só a mão como o braço inteiro. Numa noite, juras de amor eterno. Eles ligam, pagam bebida, levam pra sair. Fazem de um tudo.
Obviamente não estou falando daquela fatia especialista em cafajestadas homéricas. Tô falando de gente séria, e em especial daqueles rapazes mid-30's, que já foram casados, ou não. O que reforça e complementa aquela minha teoria sobre o passar do tempo na psicologia do sujeito: enquanto que para a mulher o tempo vem com uma consciência de poder, de libertação de um monte de neuras, para o homem o tempo vem com uma noção de que está passando e passando e sabe-se lá o que vem no dia seguinte.
O que é só uma pontinha dum iceberg que mais e mais fica evidente para mim: do quão sozinhas as pessoas se sentem. E do grande pedido de atenção que é essa coisa toda. Neste Rio de Janeiro de milhões de habitantes, maravilha purgatório da beleza e do caos, as pessoas só querem se livrar dessa solidão que corrói mesmo na multidão.

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