Amor e sexo
Pois então estava eu cá com meus botões divagando sobre acontecimentos recentes dos quais tomei conhecimento. Depois de muito debate que em nada acrescentou às minhas convicções, a conclusão foi a seguinte: esse negócio de amizade colorida não existe. É virtualmente impossível ser amiguinha de um sujeito que te desperta algo além de um sentimento fraternal, no máximo aquela vontade de apertar as bochechas diante de alguma fofice. A não ser, é claro, que o algo além seja mantido no mais absoluto sigilo, inconfessável, nem diante de Jack Bauer.
O chato do Jabor estava certo ao decantar as incongruências do amor e do sexo. Reparem: é uma dicotomia, amor x sexo. Notem que não se fala em amizade aqui. Porque a amizade é o que sobra do amor sem sexo. E o contrário, segundo ele, é vontade e só.
Nada contra nenhum dos dois, muito pelo contrário. Eu e muitas outras mulheres somos prova viva de que pode haver amizade verdadeira entre homens e mulheres sem nada mais, com direito a cumplicidades - e a certeza de que se a gente disser alguma coisa mais forte não vai chocar algum ouvido mais pudico.
Mas parece que alguns homens estão com dificuldades de resolver em qual dos pólos querem se situar. E, na dúvida, acabam confundindo todo o resto. Tratam relações meramente movidas pelo desejo com a intimidade de quem troca confidências, visita a família, toma sorvete no fim de tarde. Ou escondem a sua real vontade de trocar confidências, conhecer os familiares e ir passear com o cachorro por trás dum véu de paganismo sexual, para continuar usando os termos do chato supra citado.
A mistura de afeto e tesão nem sempre dá certo, se não for bem esclarecida. Ouvidos femininos ficam, sim, impressionados com interpretações musicais pelo telefone. As costas da gente sentem os dedos passeando pelas vértebras, assim, como quem não quer nada enquanto faz um carinho meio de passagem. E sim, se esse negócio não for bem esclarecido, o sofrimento é exatamente igual, como se houvesse um relacionamento estabelecido, com a diferença de que se antecipa o sofrimento para durante: a eterna angústia do não saber onde é que se está pisando. Um passo em falso e pof, já era.
Não creio que as mulheres hoje em dia tenham medo de relações puramente sexuais - desde que isso esteja claro. E que não sejam tratadas de maneira diferente. Se é só sexo, ótimo. Que a relação seja só isso mesmo. Me lembro do casal que Anthony Edwards e Madeleine Stowe fazem em "Corações Apaixonados": ele pastor, ela casada. Ele quer algo mais, e ela diz a ele que não há algo mais além daquilo, da cama, dos encontros fortuitos. Não sabem nada da vida um do outro. E eu acho isso bastante saudável na medida em que preserva as pessoas de dúvidas e expectativas. Doçura também machuca, se usada sem cautela.
O chato do Jabor estava certo ao decantar as incongruências do amor e do sexo. Reparem: é uma dicotomia, amor x sexo. Notem que não se fala em amizade aqui. Porque a amizade é o que sobra do amor sem sexo. E o contrário, segundo ele, é vontade e só.
Nada contra nenhum dos dois, muito pelo contrário. Eu e muitas outras mulheres somos prova viva de que pode haver amizade verdadeira entre homens e mulheres sem nada mais, com direito a cumplicidades - e a certeza de que se a gente disser alguma coisa mais forte não vai chocar algum ouvido mais pudico.
Mas parece que alguns homens estão com dificuldades de resolver em qual dos pólos querem se situar. E, na dúvida, acabam confundindo todo o resto. Tratam relações meramente movidas pelo desejo com a intimidade de quem troca confidências, visita a família, toma sorvete no fim de tarde. Ou escondem a sua real vontade de trocar confidências, conhecer os familiares e ir passear com o cachorro por trás dum véu de paganismo sexual, para continuar usando os termos do chato supra citado.
A mistura de afeto e tesão nem sempre dá certo, se não for bem esclarecida. Ouvidos femininos ficam, sim, impressionados com interpretações musicais pelo telefone. As costas da gente sentem os dedos passeando pelas vértebras, assim, como quem não quer nada enquanto faz um carinho meio de passagem. E sim, se esse negócio não for bem esclarecido, o sofrimento é exatamente igual, como se houvesse um relacionamento estabelecido, com a diferença de que se antecipa o sofrimento para durante: a eterna angústia do não saber onde é que se está pisando. Um passo em falso e pof, já era.
Não creio que as mulheres hoje em dia tenham medo de relações puramente sexuais - desde que isso esteja claro. E que não sejam tratadas de maneira diferente. Se é só sexo, ótimo. Que a relação seja só isso mesmo. Me lembro do casal que Anthony Edwards e Madeleine Stowe fazem em "Corações Apaixonados": ele pastor, ela casada. Ele quer algo mais, e ela diz a ele que não há algo mais além daquilo, da cama, dos encontros fortuitos. Não sabem nada da vida um do outro. E eu acho isso bastante saudável na medida em que preserva as pessoas de dúvidas e expectativas. Doçura também machuca, se usada sem cautela.
1 Comments:
affe, essa bateu forte, tanto no teu caso, quanto no meu, que lembro de ter debatido nessa época.
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