Monday, August 13, 2007

More than words

Tem o que dizer dum findi desses?
Uma hebe conjunta, exaustiva e linda, um "clubinho" nascendo regado a coca zero, vinho do porto e cachaça da melhor qualidade.
E um dia dos pais que eu acho que nunca tive. É. Talvez possa dizer que nunca tive.
Meu pai jamais seria capaz de receber quatro pessoas na sua sala, tomando cerveja, ouvindo música. Não vejo meu pai acolhendo quem quer que seja que ele não conheça pra um almoço.
Só me lembro do meu pai fechado, reclamando, enterrado num jornal ou na Veja, ou num relatório de contas, ou bebendo, ou fazendo coisas estúpidas numa interação com qualquer ser humano até os quatorze anos - e em se tratando de uma filha ou de um filho, a estupidez aumenta potencialmente.
Aí passo um dia dos pais aos quase trinta, longe de casa e de qualquer resquício da minha própria família, no meio duma família que canta, come, bebe, dança e ri, todo mundo junto.
E no meio das várias coisas que pensei e falei hoje, eu mesma me dei conta de que a chave pra tudo estava em mim como eu mesma já coloquei aqui. A chave pros nossos problemas está sempre em nós mesmos.
Eu POSSO me perdoar por não conseguir amar um homem que não admiro. Eu posso me perdoar por não amar um sujeito que nunca foi amoroso, nunca foi amigo, nunca foi aberto, nunca me deu um bom exemplo, nunca tentou me regar como a uma pequena flor que cresce, nunca quis ser pai de nada, nem de ninguém.
Eu posso me perdoar por não ser a Electra. Posso entender por que não chego perto de homens carecas, ou que lutam algum tipo de coisa oriental. Hoje eu compreendo melhor por que é que tipos magros demais não me chamam a atenção. Sei por que é que eu procuro tipos expansivos - às vezes até demais, arrogantes, auto-confiantes. Entendo que consigo suportar a maior das barbaridades, desde que dita com elegância e compostura. Absorvo por que é que gosto do desafio de mostrar a esse tipo de pessoa que nada no mundo é tão absoluto, muito menos a circunferência do seu próprio umbigo.
Mas eu realmente creio, e hoje mais do que nunca, que jamais vou ser capaz de entender alguém que eu não admire por alguma coisa. Qualquer coisa, mínima. Mas eu preciso ser capaz de admirar.
Entendi que preciso domar esse meu instinto de auto-suficiência. Hoje eu me lembrei que um dia, há quinze anos ou mais, eu disse "se eu não fizer, ninguém vai fazer por mim", e que isso precisa ser superado. Entendi que preciso aprender a andar do lado de dentro da calçada, a aceitar que levem minhas compras, que abram a porta, que paguem minha conta, que me vejam menos fortaleza e mais menina, mais afetiva, menos dura e mais "namorandinha", e que isso não me diminui, nem me acrescenta, isso só sou eu, que ando tão escondida dentro desta casca guasca perdida na cidade grande de areia-mar e concreto.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Muito bom estar dividindo tudo isso com vc. As amigas, a família, as noitadas, as vitórias, a vida. É só o começo, espero. :)

3:29 PM  
Anonymous Anonymous said...

oohhh!!!
coragem plena de dizer o que poucos têm voz para pronunciar.
pensei que fosse apenas meu este sentimento de descolamento da realidade coletiva.
um beijo da ex aluna Elisiane.

7:58 PM  

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