Sunday, December 30, 2007

Reaching horizons

Nestes dias de contagem regressiva, acabei por dar uma atençãozinha especial aos meus velhos alfarrábios - aquelas velhas agendas coloridas onde a adolescência fez o favor de ficar eternizada, para meu olhar espantado que vê como a gente consegue ser ridículo quando é espontâneo, jovem e ingênuo.
Mas estou lá, inteirinha. Lembrando para esta eu de hoje em dia quando foi que cada evento ocorreu, com datas, horas, locais e cores. Se foi há doze ou há sete anos, no quintal de casa ou no balcão do bar, não faz diferença: a nota está lá, prestando contas da minha vidinha dos 14 aos 21. E consegui fazer uma bela coleção de aforismos, citações, pensamentos, máximas, chamem do que quiserem.
Dentre elas, uma de um dos meus livros favoritos que a cada releitura me parece ainda mais especial. O livro é do Marcelo Carneiro da Cunha e chama-se "Românticos", e não é brilhante, não é uma obra-prima, mas começa com uma epígrafe brilhante do Hal Hartley e tem várias pérolas. A epígrafe é "Não existe romance, não existe aventura. Existem apenas desejos e problemas".
No dia de Natal, eu acho, fomos brindados com a exibição d'"O Advogado do Diabo", que tem uma fala brilhante da Charlize Theron que por algum motivo misterioso nunca tinha me chamado a atenção - além da sensacional "Vanity... definitely my favourite sin" do nosso John Milton. Charlize diz, e me perdoem pela falta do original, algo como "Pior que não ter um pai foi ter o meu".
Também os mais próximos estão presentes nos meus apontamentos. Não sei de onde tirei, mas um dia meu amigo Träsel deve ter escrito, possivelmente num COL qualquer: "Feche os olhos: você está só".
E por último, já que pretendo um dia desses - quando meu apartamento explodir pelo excesso de peso, eu tiver de dormir no chão ou pular por sobre pilhas de livros e dvds, ou finalmente me mudar para um lugar com espaço suficiente para uma colecionadora - compilar todas as minhas grandes pérolas, aí vai uma que me define com perfeição - a mim e a outras night owls. Vai daí, Virginia M. Almeida:
Eu nasci para ter horários de refeição 6 horas mais tarde do que o convencional. Na verdade, nasci para olhar a madrugada, assustada, lá pelas 3 horas da manhã, e sentir o cheiro de sono da população. Eu e alguns outros mais.
Meu coração é eterno desassossego. Meu olhar, inquieto. E sou livre pela metade: não sou livre de mim, de mim, que me torturo, que me disfarço, me critico e me adoro.

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