Wednesday, November 01, 2006

Santa Maria (del Buen Ayre)

Se encontraram pela segunda vez dois meses depois.
Traída pelo esquecimento. Quis o destino que o "nunca mais" dela durasse só dois meses de insuportáveis mensagens virtuais, que sussurravam ao pé do ouvido a impossibilidade real de sucesso daquele encontro.
Todo dia um recado, uma mensagem, um papo lá pelas onze da noite. Todo dia. Todo dia.
Todo dia uma piada brutal sobre como mil e quinhentos quilômetros separam o querer do poder. Todo dia um aviso velado de que valeria a pena tentar - se se pudesse ao menos tentar!
Todo dia uma nova trilha sonora a embalar a distância. Uma troca de figurinhas musicais.
Mas é somente no segundo encontro que ela descobre qual é a trilha definitiva desse não-romance, dessa não-possibilidade.
É quando ele diz do quanto ficou feliz com a lista que ela mandou, a agora oficial consultora para assuntos musicais. É quando ele diz que chega em casa, tarde da noite, e põe o som a tocar para esquecer do dia pesado e cansativo. Quando ele conta que deita e fica olhando pro teto, só sentindo a música batendo dentro do peito.
Depois do reencontro, ela volta pra casa e reza. Bem baixinho. Para Santa Maria del Buen Ayre, que vele por ela e pela história impossível a mil e quinhentos quilômetros al sur.

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