Pride
Digam o que quiserem, mas ser orgulhoso é fundamental. Pelo menos um pouquinho. Não deixa que a gente chafurde na lama por mais tempo que o necessário pra levantar e ir tomar banho em água mineral...
Eu, depois de chafurdar no chiqueiro mais chiqueiroso durante muito tempo, agora só tomo banho em banheira de mármore carrara com água Perrier dentro.
Pra entender o que aconteceu:
Tô me dirigindo à porta do setor quando encontro uma turma de umas 20 crianças. Mais uma das quinhentas visitas que a BN recebe por dia. Essas crianças deviam ter lá uns... sete anos. Eram educadinhas, ainda. Duas delas andavam em cadeiras de rodas.
E várias delas olharam praquilo tudo - aquele milhão de obras espalhados nas estantes e por tudo, o desenho do chão, os catálogos e o teto, meu deus, aquela cúpula - como se estivessem vendo o Harry Potter em pessoa, voando na sua Nimbus 2000. Muitos pares de olhinhos brilhantes, bocas abertas e aaahhhhs incluídos no pacote.
E eu passei por ali me sentindo a professora Minerva, detentora de alguma coisa muito mágica e invejável e especial.
E pra não dizer que sou só eu a deslumbrada, este foi o discurso do Presidente da BN, Muniz Sodré, por ocasião dos 196 anos da Biblioteca comemorados ontem:
Prezados colegas,
Nós costumamos pensar em uma casa ou numa instituição como algo que habitamos ou que utilizamos como um instrumento, como um objeto. Mas há casas e instituições que nos habitam, que se impõem a nossa existência como um verdadeiro sujeito ativo, não só por seu lugar simbólico, mas também pela marca sensível que inscreve em nosso relacionamento.
Parece-me que este é bem o caso da Fundação Biblioteca Nacional.
Tem-me chamado à atenção o fato de que os funcionários desta Instituição parecem, em sua maioria, se orgulhar de pertencer a ela. Até mesmo nos instantes de crítica coletiva ou individual às circunstâncias administrativas, a instituição fica preservada.
Isso é incomum quando se trata de serviço público ou mesmo de empresa privada. A velha palavra “repartição pública” não se ajusta à atmosfera emocional da Biblioteca. É que a “casa”, em sentido amplíssimo, “veste” cada um de seus membros como o tecido inconsútil da memória de gerações, da imponente dignidade das paredes, da incitação silenciosa a preservar e zelar.
É esse espírito que celebramos aqui, hoje, nos 196 anos da Instituição Biblioteca Nacional. Celebramos a permanência e a transformação responsável. E, neste ato, é a todos os funcionários que nos dirigimos para agradecer pelo zelo, pelo cuidado. Vocês são as fundações móveis desta Casa, são de fato o “sal da terra”.
Eu, depois de chafurdar no chiqueiro mais chiqueiroso durante muito tempo, agora só tomo banho em banheira de mármore carrara com água Perrier dentro.
Pra entender o que aconteceu:
Tô me dirigindo à porta do setor quando encontro uma turma de umas 20 crianças. Mais uma das quinhentas visitas que a BN recebe por dia. Essas crianças deviam ter lá uns... sete anos. Eram educadinhas, ainda. Duas delas andavam em cadeiras de rodas.
E várias delas olharam praquilo tudo - aquele milhão de obras espalhados nas estantes e por tudo, o desenho do chão, os catálogos e o teto, meu deus, aquela cúpula - como se estivessem vendo o Harry Potter em pessoa, voando na sua Nimbus 2000. Muitos pares de olhinhos brilhantes, bocas abertas e aaahhhhs incluídos no pacote.
E eu passei por ali me sentindo a professora Minerva, detentora de alguma coisa muito mágica e invejável e especial.
E pra não dizer que sou só eu a deslumbrada, este foi o discurso do Presidente da BN, Muniz Sodré, por ocasião dos 196 anos da Biblioteca comemorados ontem:
Prezados colegas,
Nós costumamos pensar em uma casa ou numa instituição como algo que habitamos ou que utilizamos como um instrumento, como um objeto. Mas há casas e instituições que nos habitam, que se impõem a nossa existência como um verdadeiro sujeito ativo, não só por seu lugar simbólico, mas também pela marca sensível que inscreve em nosso relacionamento.
Parece-me que este é bem o caso da Fundação Biblioteca Nacional.
Tem-me chamado à atenção o fato de que os funcionários desta Instituição parecem, em sua maioria, se orgulhar de pertencer a ela. Até mesmo nos instantes de crítica coletiva ou individual às circunstâncias administrativas, a instituição fica preservada.
Isso é incomum quando se trata de serviço público ou mesmo de empresa privada. A velha palavra “repartição pública” não se ajusta à atmosfera emocional da Biblioteca. É que a “casa”, em sentido amplíssimo, “veste” cada um de seus membros como o tecido inconsútil da memória de gerações, da imponente dignidade das paredes, da incitação silenciosa a preservar e zelar.
É esse espírito que celebramos aqui, hoje, nos 196 anos da Instituição Biblioteca Nacional. Celebramos a permanência e a transformação responsável. E, neste ato, é a todos os funcionários que nos dirigimos para agradecer pelo zelo, pelo cuidado. Vocês são as fundações móveis desta Casa, são de fato o “sal da terra”.
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