Tuesday, February 27, 2007

Por um triz

Olha, foi por um pentelho mesmo.
Quem mora sozinho um dia acaba se denunciando. Mostra pra todo mundo que, como diria a minha fraseira carioca favorita, não tem parente no Rio, nem um amigo, nem ninguém pra avisar do ridículo.
Tô eu aqui me arrumando que nem um gato dentro de casa, para não acordar os hóspedes. Isso quer dizer que já deixo roupa e sapato separados na noite anterior e só acendo a luz do banheiro ou da cozinha depois que já entrei e fechei a porta. Café e e-mail, ficam pra quando eu chegar na BN.
Aí aconteceu que ontem eu, já meio dormindo, separei uma saia linda linda que eu adoro pra usar hoje. Depois da operação gato-sai-pra-trabalhar-cedo, tô saindo do prédio quando uma moça que estava conferindo a correspondência me chama.
Moça? Psiu! Moça?
E eu já estava na calçada.
Sim?
A sua saia está descosturada na altura da bunda.
E não era um descosturado qualquer. Era um rombo de um palmo.
A desgraçada da saia que eu usei duas vezes, de tão vagabunda, pelo visto não suportou nem a lavagem à mão.
Subi correndo e troquei de saia. E bastou eu pisar na rua pra ver: essa sem-vergonha também já tem um furinho na malha. Esse, pelo menos, discreto o suficiente pra disfarçar, mas grande que chega pra condenar a ordinária.

Unbelievable

Bati a porta do carro e estava caminhando pro supermercado. A idéia era uma noite bem lightzinha a dois, pizza, um bom vinho, um filme bom pero não tão interessante a ponto de não poder ser interrompido. Ele bateu a porta do carro também e ligou o alarme.
Guardou a chave no bolso e tirou um canivete.
Abriu a tesourinha e, a trinta metros da entrada do supermercado, começou a cortar as unhas.
O que você está fazendo?
Cortando as unhas, ué.
Mas aqui??
Que que tem? É que eu sei que vocês, mulheres, odeiam unhas no banheiro.
Dei meia-volta e fui embora sozinha com o filme na bolsa. E não é que era bom? Eu não ia querer interromper mesmo.

More than words

É realmente impressionante a capacidade que determinados autores têm de parecer absolutamente sintonizados com o que a gente pensa e com o que acontece na nossa vida. Nessa semana, Tati Bernardi e Carpinejar me pegaram de jeito. Destroçando. Ela, então, estou quase desconfiando tratar-se de um alter ego meu, tipo o meu Mr. Hyde. Ou ela seria o Jekyll?

Monday, February 26, 2007

Flagra

Tem filmes que são tão obrigatórios que a gente tem de ver duas vezes.
Um desses é "O Filho da Noiva". Além das performances sensacionais dos atores, tem falas antológicas. A começar pela já clássica ela não sabe quem eu sou, mas eu sei quem ela é (or something like that).
E a outra, que pra mim faz um sentido danado, é quando o sujeito sai do hospital e se dá conta de que passar por uma merda e ter consciência do fundo do poço te dá um certo poder. Afinal, se não pode piorar, dane-se.

***
Eu vi também "Xeque-Mate", que é realmente muito bom também. E toda vez que vejo um filme como esse, ou "Os Infiltrados", me dá uma saudade do bom e velho Tarantino... antes de se perder naquela bobajada don't let me be misunderstood.

Saturday, February 24, 2007

Life / Blues da piedade

Com hóspedes em casa, eu me obrigo a ir fazer programinhas que eu não faria sozinha. Tipo ir passar umas horinhas sob o sol escaldante de sábado de fevereiro no Rio de Janeiro, tomando uma cervejinha num quiosque no calçadão.
E aí eu me obrigo a citar a Wanessinha: se um dia eu fui pobre, não me lembro. Ô vidinha maomenos... ceva, sol e preguiça. Tanta preguiça que, embora as engrenagens estejam a mil, não consigo sentar e escrever. Dane-se.

***
Ah, mas tem uma coisa que eu quero dizer aqui.
Esses dias recebi um apelo para que não publicasse nada sobre minhas dores, meus pequenos draminhas e problemas. Pra que eu não me fragilizasse em público, a fim de evitar o júbilo alheio.
Eu prometi pensar no assunto, mas aí li e fiquei sabendo de algumas teorias que só corroboram o que eu penso. Trata-se da lei da atração universal. Trocando em miúdos, Nietzsche estava corretíssimo: quando a gente olha demais para o abismo, o abismo olha pra gente. Quando a gente pensa ruim, atrai coisas ruins; quando a gente pensa pro bem, atrai o bem.
Como eu, apesar dos pequenos problemas cotidianos, tenho um abismo cheio de coisas boas e de uma felicidade tranquila, quero mais é que os invejosos, os recalcados e os fuxiqueiros do mal se explodam.
Cantarei como Cazuza, pedindo piedade para os miseráveis que vagam pelo mundo derrotados, caretas e covardes. E continuarei manifestando aqui toda a humanidade que me é possível: às vezes frágil, geralmente forte, mas sempre verdadeira e digna.

Friday, February 23, 2007

Tolerância

No meu trabalho eu topo com todo tipo de publicação editorial, das mais diversas áreas - exceto das mais hard, que ficam pros meninos do setor. E é por essas e outras que eu acabo tendo de classificar não só um, como DOIS livros da Bruna Surfistinha. Sim, hoje eu descobri que não bastou o primeiro, ela teve de fazer mais um. E preciso dizer: há que respeitar a moçoila. Não pela baixaria, que qualquer Playboy traz um conto erótico melhor escrito, mas pela coragem.
E no meio desse tipo de coisa eu topo com coisas redentoras tipo isso:

Quero
Que sejas assim
Como minha comida
E
Que me comas todos os dias
Às mordidas
Te devorarei
Me consumirás
Porque na vida
O que não for pra ser por inteiro
Que
Não seja aos pedaços

Este é Cláudio Carlos, no livro "Liberdade vigiada & outros pequenos poemas que gritam..."
E tem este, também:

Fome
é
o
nome
do
que
consome

Curti deveras.

Wednesday, February 21, 2007

Missing

Minha casa. Minha baderninha particular onde não tem ninguém pra reclamar se a cama está feita ou não.
Meu cheiro de verbena de borrifar no ar.
Meu chuveiro que escolhe quando quer funcionar ou não.
Tomar banho de porta aberta.
Meus sabonetes, esponjas, cremes. Meus cheiros de banheiro pós-banho.
Andar só de calcinha pela casa.
Minha cama esquisitinha e meu travesseiro da Nasa.
Meu computador.
Minha trilha sonora e a tevê no mudo.
Uma pessoa só em casa. E não oito, brigando pela Xingu perdida na geladeira.
O poder de deixar a mala no meio da sala, desfeita, e só sentir dor de consciência por ser preguiçosa, não por estar atrapalhando alguém.

Non-missing:
não ter de pensar em o que comer.

É. Carnaval é legal mas a casa da gente é hors-concours.
Pras emergências, sempre há o Zona Sul ou o telefone. E viva a solidão feliz e cheirosa.

Carros

Comentei com o Derbi a respeito do tema que me parece mais recorrente pra todo mundo, mesmo que seja só em pensamento. E tenho me lembrado muito dessa música, de que gosto muito. É um lado B de lado B de lado B.

As portas dos carros se fecham
Pessoas dentro dos carros
O carro levando a pessoa
O aço dos automóveis
As pessoas se cansam
Os carros também
O carro a fumaça
A fumaça a pessoa
Os carros morrem
Os carros perdem a direção
Pessoas sem saber pra onde ir
Os carros perdem a direção
Pessoas sem saber pra onde ir
As pessoas se fecham
Pessoas dentro dos carros

A solidão dos carros
E os faróis são olhos cegos de luz

As portas dos carros se fecham
Pessoas dentro dos carros
O carro levando a pessoa
O aço dos automóveis
As pessoas se cansam
Os carros também
O carro a fumaça
A fumaça a pessoa
Os carros morrem
Os carros perdem a direção
Pessoas sem saber pra onde ir
Vejo nos olhos. Nos olhos vejo os carros
Noites vazias sem direção
A solidão dos carros
E os faróis são olhos cegos de luz

A Festa

Pois é. Carnaval passando e eu resisti bravamente a cinco dias longe de equipamentos de informática. Me enfiei no Espírito Santo, amém, na casa de anfitriões incansáveis que proporcionaram o que de melhor puderam para que tivéssemos um carnaval bacana.
E tive, realmente.
Tomei banho de piscina, tomei banho de mar à noite, ri muito e comi a melhor picanha fora do RS dos últimos tempos. Ah, é. E comi, comi, comi. E dormi não tanto quanto gostaria.
Mas sei lá. Ando de humor meio rebaixado e engrenagens funcionando demais. Vamos ver se rende algo que preste.

Wednesday, February 14, 2007

Sex (I'm a...)

"Provavelmente, nada disso é surpreendente como pode parecer à primeira vista. De uma forma ou de outra, relaciona-se à vertigem erótica da qual falava Bataille há mais de 50 anos, ao reconhecer que somos seres descontínuos, 'indivíduos morrendo isoladamente em uma aventura ininteligível, mas sempre com a nostalgia da continuidade perdida'.
Assim, além do divertimento, sempre explorado em seus diversos sentidos (inclusive os mais ambíguos), sexo é antes de tudo vínculo. Provisório, devastador e insubstituível".
(GREINER, Christine. Introdução. In: GREINER, Christine; AMORIM, Claudia (Org.) Leituras do Sexo. São Paulo: Annablume, 2006. p. 11)

Age of aquarius

Senhor, me livre dos taurinos.
E me traga um escorpiano já. On the rocks.

***
Ontem, dia fatídico, entro no ônibus e lá está ele. O encontro que eu temia.
O Mr. Big versão vinte anos menos. E eu, cagalhona, ao invés de ir lá estabelecer contato, fiquei de ressaca do dia sentada no meu canto.
Chego na BN, dou de cara com outro sujeito fofíssimo.
É. A vida é bela, mesmo nos dias 13.

Tuesday, February 13, 2007

Envelheço na cidade

Nunca fez tanto sentido!

Mais um ano que se passa, mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade, envelheço na cidade
essa vida é jogo rápido para mim ou prá você
Mais um ano que se passa e eu não sei o que fazer!

Juventude se abraça, se reúne pra esquecer
Um feliz aniversário para mim ou prá você...
Feliz aniversário - envelheço na cidade
Feliz aniversário - envelheço na cidade
Feliz aniversário - envelheço na cidade
Feliz aniversário

Meus amigos minha rua, as garotas da minha rua,
Não os sinto, não os tenho... mais um ano sem você!
As garotas desfilando, os rapazes a beber
Já não tenho a mesma idade, não pertenço a ninguém

Juventude se abraça, se reúne pra esquecer
Um feliz aniversário para mim ou prá você...
Feliz aniversário - envelheço na cidade
Feliz aniversário - envelheço na cidade
Feliz aniversário - envelheço na cidade

Hum. Hora de Prosecco.

Monday, February 12, 2007

Sozinho

Neste Rio de Janeiro de milhões de habitantes, onde só nas favelas vive uma Porto Alegre inteira, só tem uma classe mais desesperada para se amarrar do que as mulheres: os homens.
Neste quase um ano de cidade, minhas observações antroposociais me levaram a concluir o seguinte: estamos permanentemente brincando de Pepe Le Pew e Penelope. A gente dá um dedinho, eles querem não só a mão como o braço inteiro. Numa noite, juras de amor eterno. Eles ligam, pagam bebida, levam pra sair. Fazem de um tudo.
Obviamente não estou falando daquela fatia especialista em cafajestadas homéricas. Tô falando de gente séria, e em especial daqueles rapazes mid-30's, que já foram casados, ou não. O que reforça e complementa aquela minha teoria sobre o passar do tempo na psicologia do sujeito: enquanto que para a mulher o tempo vem com uma consciência de poder, de libertação de um monte de neuras, para o homem o tempo vem com uma noção de que está passando e passando e sabe-se lá o que vem no dia seguinte.
O que é só uma pontinha dum iceberg que mais e mais fica evidente para mim: do quão sozinhas as pessoas se sentem. E do grande pedido de atenção que é essa coisa toda. Neste Rio de Janeiro de milhões de habitantes, maravilha purgatório da beleza e do caos, as pessoas só querem se livrar dessa solidão que corrói mesmo na multidão.

Um edifício no meio do mundo

Já comentei aqui algumas vezes a respeito do altíssimo nível do condomínio onde moro. Pessoas educadas, limpas, cordiais, uma beleza.
Ontem assisti uma discussão duma barraqueira profissional com o porteiro porque, pelo que entendi, o filho subiu para o apartamento e não abria a porta. Aos berros. Às dez da noite.
Hoje descobri que tenho uma vizinha que aparentemente deve ser um pouco menos pior. Pela brancura da roupa, deve ser médica, ou dentista. Melhorzinha.
Mas a hors-concours é a minha senhoria, que também atende pela alcunha de "vizinha da esquerda". Ontem ela bateu três vezes aqui em casa, uma delas às OITO da madrugada de domingo (que eu só descobri porque ela datou e pôs hora no bilhete que deixou). Na terceira vez, trouxe bolo e manjar. E toda, toda vez pede milhões de desculpas, mas é que ela fica preocupada, eu trabalho e estudo, faz de conta que eu sou sua tataravó.
Pois a minha tataravó gosta tanto de mim que além de não cobrar o IPTU deste ano também não vai reajustar o aluguel.
E percebeu que eu tinha pendurado meu ba-guá num dos números na porta e providenciou um preguinho pra ele. E mandou um bilhete pra minha mãe que é praticamente uma novena, de tantas bênçãos que tem nele.
O Rio tem dessas coisas esquisitas pra uma cidade tão grande, como se fosse cidadela do interior. A vizinha é daquelas antológicas, de pedir açúcar.
E as mocinhas da lavanderia? Fui lá hoje e ficaram tecendo loas à minha mãe, que foi lá duas ou três vezes - e elas reconheceram pela fisionomia: "A senhora deve ser mãe então daquela menina que vem aqui bem cedo!!". Mandaram beijos e tudo.
Se eu topasse com um leiteiro de bicicleta aqui, em plena Copacabana, nem ia estranhar tanto.

Troubled mind

Realmente, não ando no pleno controle das minhas faculdades mentais.
Depois de começar o dia chorando - eu e minha mania de ligar a tevê e dar de cara com a Ana Maria Braga enxovalhando mais um pouco a já abominável história do menininho aquele - tive um dos meus famigerados - e cada vez mais raros, infelizmente - acessos de riso.
A Graziella Moretto, doida de pedra, escreveu um livro cujo título já é ótimo: "Onde Vende o Manual? Coisas que eu não tinha entendido direito sobre gravidez e maternidade". A verve da moça está toda lá, e eu estava cá no computador tendo um acesso e me esforçando ao máximo para ser discreta, afinal ficar rindo daquele jeito no trabalho só pode ser putaria.
Saí dali pela sugestão da minha chefe ("Você não tá precisando almoçar não, hein?") direto pro McDonald's, só pra completar a dose de endorfinas do dia.
E, tempinho depois, uma quase crise de choro patrocinada pela programação da Paradiso recheada de Legião Urbana e afins, com letras que me tiram do sério.
Troubled mind total.

Águas de março

Pois é.
Março vem vindo com toda a sua fúria show-businessística pra cima de mim.
Depois do já confirmado Waters na Apoteose (sim, só podia ser lá), hoje descobri que ainda tem Blind Guardian, Uma Noite em Buenos Aires, e tem mais alguma coisa que está me escapando agora.
Já é.

Sunday, February 11, 2007

I'm wrong about everything

Para ser curta e grossa: me fudi.
Desculpem o palavrão. Mas é a mais pura verdade.
Lord have mercy, please.

Fuga

Como se eu não tivesse mais nada pra fazer, me peguei lendo o blog desde julho. Com a Tannen marcada numa página que preciso compreender, no colo.
Realmente, procrastinar é uma arte.

Saturday, February 10, 2007

Here comes trouble again

Como eu já manifestei anteriormente, eu odiei, abominei, detestei esse Media Player 11. E ele, por algum motivo que eu ainda não descobri, embestou de abrir sempre nos discos do Bruce Willis.
*Momento cultura inútil*: sim, queridos néscios, Bruce Willis, ele mesmo, o duro de matar, tem DOIS discos de rhythm'n'blues. E os títulos são ótimos: If it don't kill you, it just makes you stronger e The return of Bruno. É por isso que eu gosto dele: Mr. Willis é um nietzschiano de carteirinha.

***
POR QUE o Fatboy Slim foi tocar naquela casa de bando de inúteis enquanto eu não pude ir ao show??
Resposta 1: Porque a Globo pagou.
Resposta 2, aka versão Poliana: pra eu poder ver pelo menos um pouquinho, nem que seja pela tevê.

***
Pô, hoje eu me puxei. Perdi não só um como TRÊS brincos.
Dois deles eu achei. Mas o terceiro é pequenino demais... tenho medo até que tenha caído no ralo do banheiro. Pena. É a segunda vez que perco um brinco favorito. Da primeira vez, foi no meio das grades do depósito do Jekyll, um ankhzinho que nunca mais achei igual. E agora, perco minha micro estrelinha... é rezar pra que a rua do Ouvidor me socorra.

***
E a frase do dia é: enquanto não acho o certo, me divirto com os errados.

Garçom

O original:


Transcrevo:

Já dizia Herbert Vianna, apud ABREU, "a vida nem sempre é boa". E nem na hora de escrever em guardanapos de boteco eu largo esses cacoetes biblio-ridículos. Mas talvez a tristeza tenha lá a sua beleza.
Hoje saí pra não ficar em casa. Acho que ando vendo Sex and the City demais, e pensando demais, e achando demais que um dia haverá um Mr. Big perdido por estas esquinas do Rio. Saí pra não ficar pensando sozinha - pelo menos, não fisicamente.
Você tem medo do silêncio
Você tem medo do escuro
Você prefere um incêndio
Você se esquenta no barulho
Aí vim aqui, pensar no meio de 300 desconhecidos e escrever à mão - ah raridade - o que não suporto mais martelando aqui.
Para isso, escolhi uma roupa nadaver com nenhuma intenção - e todos viram algo. Hoje todo mundo me achou bonita, especial e magra. Para um, eu disse a verdade; para outro, uma meia-verdade simpática.
No fundo, encostada nessa mesma parede, sentada no mesmo banco, no mesmo canto do balcão: tô meio de saco cheio disso tudo. Meio de saco cheio de S-T-Q-Q-S-S-D and over and over and over again.
Sim, tô distímica. Cinza total. E poderia recitar dúzias de músicas aqui a esse respeito, mas prefiro nem pensar muito; tenho uma maquiagem a preservar, algum sono e nenhum afeto que me mantenha alive & kicking. Vazio, vazio.
ca. 1 da manhã.
E é só isso.

***
Às vezes parece piada.
"In each part a real love" só pode ser piada.
Sim. Só pode ser piada.
Fear of the Dark SÓ PODE SER PIADA.

Friday, February 09, 2007

Ouro de Tolo

É...

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73
Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: e daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua cabeça animal
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o nosso belo quadro social
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

Thursday, February 08, 2007

Fear of the dark

When the light begins to change
I sometimes feel a little strange
A little anxious when its dark
Fear of the dark, fear of the dark
I have a constant fear that someones always near
Fear of the dark, fear of the dark
I have a phobia that someones always there

E está.
Quatro da tarde, sol a pino, e eu dormindo. Cinco, seis, sete, acordo.
Hora de (tentar) ser produtivo.
Oito, nove, dez. Tô capotando, produzindo nada, babando no teclado. Resisto até onze e meia. Quando eu apago a luz e a escuridão toma conta, já era. Ela chegou e pôs palitinhos nos meus olhos, que não se fecham nem com promessa.
É. Tem outra moradora nessa casa e o nome dela é Sônia. In-sônia. E ela só vem quando escurece.
tô com medo do escuro.

Wednesday, February 07, 2007

Heaven

Está cientificamente comprovado por mim: o paraíso existe.
E se compõe de uma sequência de ações, a saber:
1) Passar o dia inteiro sob o efeito de um calor senegalesco, quase porto-alegrense. Aquele que deixa o ar da sua graça mesmo nos ambientes mais refrigerados.
2) Enfrentar um ônibus no meio da tarde para se deslocar do Centro à Gávea, pegando o indefectível engarrafamento da Jardim Botânico - ou seja, passar uma hora dentro do coletivo.
3) Sair da Gávea, enfrentando mais quarenta minutos de ônibus até em casa. Mas desta vez, o ônibus tem ar e aí o que incomoda é o ouvido, mal recuperado do último resfriado.
4) Chegar em casa, tirar os sapatos, jogar a bolsa e a sacola no sofá.
5) Ligar o computador e, enquanto espera, abrir a janela, ligar o ventilador e ir tirando a roupa, atirando tudo por onde der.
6) Entrar no banheiro, DESLIGAR o chuveiro e tomar um banho frio com o mais perfumado dos sabonetes.
7) L-e-n-t-a-m-e-n-t-e, se secar e pôr o vestido mais fresco disponível.
8) Conectar a Internet, conferir os e-mails, apagar 98% deles.
9) Ir até a geladeira e pegar uma Bohemia.
10) Ligar o som e deitar no sofá, com a Bohemia ainda fechada. E agora sim, abrir a lata, fazendo aquele "tsh".
Uf. Mal acabei e já quero de novo. Mas só a partir do passo 6, por favor.

Tuesday, February 06, 2007

Lonely as you

Engrenagens a mil. Nesta época é assim... muitos pensamentos e poucas palavras.

***
Além do Sex and the City, eu estou colecionando os dvds d'A Muralha, mas esses eu não vi ainda.
Agora, toda vez que assisto a algum episódio das mulherzinhas, me divirto pensando na melhor pergunta que já ouvi sobre o seriado: "Por que é que ela está fantasiada de bailarina nessa abertura?"

***
Andava obcecada por uma idéia há um tempo já.
Hoje pus em prática e, voilà, não gostei. Ótimo. A crise dos 30 não vai me pegar desprevenida e sem ter feito tudo o que eu queria.

Monday, February 05, 2007

Sem fim de palavras

"Peço desculpas pelas poucas palavras que seguem. Não me sinto bem para discorrer sobre estas linhas algo que faça algum sentido. Sinto que tempos ruins estão por vir. Como se a intuição de uma mulher enferma tivesse, enfim, a potência das grandes tempestades. Profecias à parte, que as nossas enfermidades sejam breves".
(KIMURA, Gabriela. Dona Estultícia: que as nossas enfermidades sejam breves. SP: Alaúde, 2006)

Sunday, February 04, 2007

The Zephyr Song

Quando eu me peguei trocando músicas e fofoquinhas com ele num domingo à noite, achei imprescindível postar essa música. Não por ele, até porque acho que ele não lê estas bem-traçadas linhas digitais, mas porque essa letra é tudo de bom e é ele. E ele sabe disso: eu já disse.

Can I get your hand to write on
Just a piece of leg to bite on
What a nite to fly my kite one
Do you want to flash a light on
Take a look its on display - for you
Coming down no, not today

Did you meet your fortune teller
Get it off with no propellor
Do it up It's on with Stella
What a way to finally smell her
Pick it up it's not to strong - for you
Take a piece and pass it on

Fly away on my Zephyr
I feel it more then ever
And in this perfect weather
We'll find a place together
Fly on my wing

Rebel and a liberator
Find a way to be a skater
Rev it up to levitate her
Super friendly aviator
Take a look its on display - for you
Coming down no not today

Fly away on my Zephyr
I feel it more then ever
And in this perfect weather
We'll find a place together
In the water where I center my emotion
All the world can pass me by
Fly away on my Zephyr
We'll find a place together

Fly away on my Zephyr
I feel it more then ever
And in this perfect weather
We'll find a place together

In the water where the scent of my emotion
All the world can pass me by
Fly away on my Zephyr
We're gonna live forever
Forever

Bad Medicine

Me dei conta há cinco segundos.
Esta batelada de remédios está demolindo meu estômago.

You're my best friend

*O post 500 passou lotado.

***
Ontem fiquei até as quatro da manhã grudada na tela vendo a quinta temporada do 24. E estou convencida de que os roteiros pares é que são ruins. Porque a primeira e a terceira temporada são um arraso, e o gancho do final desta aqui também é bom. Aguardemos, já que o contrabandista ficou de trazer os primeiros capítulos da sexta temporada essa semana. Aguardemos II, já que eles mataram de vez metade do elenco. Eu já sei que tem Palmer novo na presidência, mas ainda não entendi como ele fez pra chegar lá. Pensa, pensa, pensa...

***
Acordo às duas da tarde de domingo, depois de sonhar com mares límpidos e praias de areias brancas (porque eu moro a duas quadras da praia mas não piso lá há, hum, sabe deus quanto tempo). Ligo a tevê, como de praxe, e está justamente na cena mais adorável do "Casamento do meu Melhor Amigo": a em que todo mundo canta "I say a little prayer". E isso tudo bastou para ativar as já cansaditas de tanto trabalho engrenagenzinhas desta cabeça podre.
Tirando aquela máxima que tem em todo filme e que muita gente da vida real repete, de que o pai é e sempre vai ser o melhor amigo da filha - sorry, essa comigo não rolou - fiquei pensando nos meus melhores amigos. Curioso como eu sempre tive muitos amigos, mas nem tantas amigas assim. Pra toda fase da minha vida, eu tive um melhor amigo. E quis o acaso que nenhum deles durasse até agora - pelo menos não no posto. Ainda estão na minha vida, somos amigos, mas já não convivemos. De alguns, tristemente sequer tenho notícias. Um deles, eu acho que casou recentemente.
Foi pensando nele que comecei a escrever tudo isso. Eu já tinha avisado que não poderia estar no casamento - afinal, ir do Rio a POA não é que nem ir ali em Canoas, ou Esteio - mas isso não diminuiu a decepção dele. Ao mesmo tempo, fiquei meio aliviada. A noiva, então, deve ter ficado felicíssima. Sim, eu faço parte do clube das odiadas pelas namoradas.
Mas nesse momento, eu só queria desejar a eles toda a felicidade do mundo e saber como foi. Deve ter sido lindo. Eu ainda me emociono com gente que acredita na instituição casamento.

Saturday, February 03, 2007

Call me

(putaqueospariu. os vizinhos já começaram com o sambão. Mozart, me socorra)

Quem espera, sempre alcança. Ou cansa, né.
Como eu sou perseverante nos meus mais caros objetivos, consegui. Depois de anos.
FINALMENTE MEU CELULAR TOCA QUE NEM UM TELEFONE DA CTU!!
Te cuida, Chloe.

Máscara negra

(Antes de iniciar o tópico em tela: estou melhor, obrigada. Mas aquele gosto de cabo de guarda-chuva na boca, zero paladar e eu não anotei a placa da jamanta que me atropelou.)

Qualquer pessoa que me conheça minimamente sabe que eu ODEIO carnaval e SEMPRE dou um jeito de fazer qualquer coisa o mais longe possível do ala-la-ô. Ano passado eu fiquei fazendo coletâneas de músicas, nos outros dois últimos anos me enfurnei na serra gaúcha caçando lápides. Me lembro de um que passei na casa de uma amiga, cujo desafio foi acabar com um quilo de balinhas delicado enquanto víamos praticamente tudo o que passava na tevê. Desse período, várias pérolas surgiram. A melhor foi "Eu posso ser a Maryann, mas tu é o John Boy". Tá, tá, piada interna, forget about it.
Mas não foi sempre assim. Quando pequena, uma vez eu até fui pular um baile infantil vestida de palhacinho. Na adolescência, topei ir num baile com uma amiga, pintando as unhas uma de cada cor. E só isso, que me lembre. Estas foram as minhas incursões pelo reino de Momo.
Neste ano, mais uma vez fujo, eu que mais do que nunca estou perto do fervo do maldito Sambódromo. Vou conhecer mais uma cidade, mais um Estado. Quando eu voltar, conto como foi. Só não posso esquecer do chimarrão.

Thursday, February 01, 2007

Fever

Levemente febril, levemente afônica, totalmente imprestável. Dois dias seguidos.
O pior de morar sozinho é ficar doente sozinho. A gente mesmo tem de ir comprar comida, remédio, atender telefone. Não dá nem pra ser convalescente em paz.
Aguardem novos boletins a qualquer momento.