Sunday, September 30, 2007

Sunrise

Recebi uma recomendação expressa pra ver a dupla "Antes do Amanhecer" e "Antes do Pôr-do-Sol".
É incrível como uma pessoa que eu não conhecia há uma semana atrás foi capaz de me indicar algo tão-tão presente na minha vida. Reencontros. Nove, dez, doze anos passando e eu reencontrando pessoas, revivendo situações, repassando minha vida como num filminho.
Só ficou faltando a honestidade dos personagens do filme, de admitir o que sentiam e o que pensaram durante todo o tempo.
Quem sabe mais tarde, quando eu lançar meu livro contando essas histórias... quem sabe eles apareçam.

Saturday, September 29, 2007

I've got to see you again

Eu permaneci com o status de casada durante quatro anos, três meses e vinte e quatro dias. Somando-se o tempo de namoro antes disso, dá cinco anos e dezessete dias vivendo e compartilhando a vida com a mesma pessoa. Quando a gente faz uma opção dessas aos vinte e um anos, em pleno século XXI, alguma coisa só pode mudar de maneira definitiva. Optei pela vida monogâmica praticamente no dia em que oficialmente me desliguei da universidade, saindo da minha colação de grau.
Uma mulher que se casa aos vinte e um anos é obrigada a fazer escolhas e a ouvir coisas que nenhum homem tem noção. Aos vinte e um anos, recém saída da universidade, ser casada - ou monogâmica, ou, mais coloquialmente, "namorando sério" é quase uma heresia. Instala-se um clima quase hostil. A gente é acusada de abandonar todo mundo, quando na verdade o que ocorre é que o meio em si não sabe o que fazer quando um dos membros resolve abrir mão da putaria em nome de algo maior, de uma construção, de um futuro vislumbrado junto com alguém.
É por isso que tantas e tantas mulheres acabam com suas vidas e assumem a vida do marido, os amigos do marido, a rotina do marido. É mais fácil ser acolhida na turma do marido. Não é difícil assumir o papel de acompanhante quando não temos outras opções. Comigo não foi muito diferente, não. Passei a conviver com os amigos dele e tudo bem.
Aí o casamento acabou. Saí da vida monogâmica duas semanas antes de começar uma nova escalada acadêmica, rumo ao grau de Mestre - o que estava implicando uma série de outras mudanças, mil e quinhentos quilômetros de distância para além da já óbvia distância afetiva, etc. e tal.
E o que passa comigo agora, um ano e meio depois desse fim, é uma situação esquisita. O mundo girou e parou no mesmo lugar de antes de eu casar. Todas aquelas pessoas que estavam na minha vida antes, bem antes até, e que por algum motivo acabaram desaparecendo, reapareceram como que por encanto. É como se houvesse um gap de cinco anos na minha vida.
Só não é um gap total porque mantive alguns dos amigos deste tempo - amigos dele, inclusive. O que é ótimo. Mas de resto, está sendo bizarro. É estranha a sensação de que nada mudou. Pior é retomar antigos sentimentos, antigas cumplicidades - o que mais faz falta para alguém que largou uma vida e foi viver outra quatro Estados mais para cima. É o tipo de coisa que só longos anos de estrada conjunta permitem ter. Mesmo que vários dos anos da contagem total tenham sido vividos em cantos diferentes do universo, ter com quem lembrar do que se viveu há oito anos não se acha em qualquer esquina.
Mas lembrar disso tudo só pelo mediador universal das relações humanas de hoje em dia - internet, msn, essas maravilhas pós-modernas - está sendo um bocado dolorido. Que fazer com tudo isso que agora retorna? Que fazer com a vontade de dar o abraço de tantos anos atrás? Que fazer com aquela nostalgia das caminhadas, das conversas da madrugada, do suco da Oswaldo Aranha? Que fazer com as promessas até hoje não cumpridas?
Que fazer quando se vive uma vida dupla, nem bem ao norte, nem tão ao sul?

You're beautiful

Viajando como sempre na minha playlist...
resolvi fazer este percursinho por trechos de algumas das músicas. Quem adivinhar qual é a música ganha uma companhia pra um mate num lugar beeeem bacana tipo Gasômetro, Redenção ou calçadão de Copa. É longo, mas acho que vai todo mundo se divertir. Havendo aquela vontade de ouvir alguma delas, eu tenho tudo em mp3.

Baby you're all that I want, when you're lyin' here in my arms...

No I've never come close in all of these years
You are the only one to stop my tears
I'm so scared of this love
And if all that there is, is this fear of being used
I should go back to being lonely and confused
If I could, I would, I swear

Nicky's in the corner
With a black coat on
Running from a bad home
With some cat inside
Now where did you find her
Among the neon lights
That haunt the streets outside
(and she says) Stay with me

I just wanna feel real love,
Feel the home that I live in.
’cause I got too much life,
Running through my veins, going to waste.

Walk in the thin line between pagan and christian.

In your eyes I found comfort and peace.

Cant hold the passion of a soul in need,
I look for mercy when my heart begins to bleed
I know good loving an I'm a friend of pain,
But, when I read between the lines its all the same

Take a look around and see
What's stopping you is stopping me
One moonless night we'll make it right
And vanish in the dark of night

I'm just the pieces of the man I used to be
Too many bitter tears are raining down on me
I'm far away from home
And I've been facing this alone
For much too long

You know, I bleed every night you sleep
cause I dont know if Im in your dreams
I want to be your everything...

I don't know how it happened
It all took place so quick
But all I can do is hand it to you
And your latest trick

The world was on fire
No one could save me but you.
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't want to fall in love
[This love is only gonna break your heart]

I want you now
Tomorrow won't do
There's a yearning inside
And it's showing through
Reach out your hands
And accept my love
We've waited for too long
Enough is enough
I want you now

So long
it was so long ago
But I've still got the blues for you

She
May be the face I can't forget
The trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay

It’s times like these you learn to live again
It’s times like these you give and give again
It’s times like these you learn to love again
It’s times like these time and time again

Don't ask me
What you know is true
Don't have to tell you
I love your precious heart

And someone told me
That the gods believe in nothing
So with empty hands I pray
And I tell myself one day
They just might see me...

I guess I loved you
Less, less than I should
Now all there is me and me
I turn around and all I see
The past where I have left our destiny

No I won't go to share you with them
But oh even though I know where you've been
I can't help myself
I've got to see you again

Heaven, please send to all mankind
Understanding and peace of mind...
But if it's not asking too much
Please send me someone to love

Oh what's love got to do, got to do with it
What's love but a second hand emotion
What's love got to do, got to do with it
Who needs a heart when a heart can be broken?

Love is a losing game

Resumindo, é isso que passa na minha cachola de uns tempos pra cá.
O raciocínio é complexo e subjetivo demais para esta hora. Mas é isso.

Nem luxo nem lixo

Tava aqui fazendo uma limpa na caixa de e-mails (embora só a 30%, odeio ficar com zilhões de coisas que não servem virtualmente pra nada).
Dei de cara com um texto, nem sei se foi publicado, mas é da Beth Orsini. Começa de um jeito brilhante e, de lambuja, cita Caio F. Olhem:

Quando a gente pensa muito, a gente sente menos

Não consigo imaginar a vida sem paixão. Por isso, quando me apaixono, a vida muda completamente de tom. E quando uma possibilidade de amor é abortada, me sinto um pouco como uma flor murcha, um passsarinho sem asas, um cachorro sem dono. Há algum tempo meu coração andou meio ocupado. Você escutou bem, caro leitor, meio ocupado. Por conta das impossibilidades da vida de ambos, era uma história pela metade. Mas tentávamos, cada um a sua maneira. Primeiro o coração sufoca a razão, se esquece das tais impossibilidades e a vontade de ser feliz ocupa todo o espaço. Você é toda coração. E nem fica com vergonha de entrar numa loja movimentada, comprar uma lingerie sensual, um robe transparente com marabu esvoaçante em volta da barra, e confidenciar para o vendedor a proximidade de uma noite de amor. Mas cá entre nós, você também nunca fez o estilo discreta.
Até que de repente as coisas mudam. Sem mais nem menos, qualquer palavra sua o deixa irritado, e o que era bom passa a não ser tão bom. Você começa a pensar em tudo o que vai falar com medo da conversa virar uma grande confusão. Ele acusa você de não saber escutar, diz que vocês são divergentes, você acha que ele é duro quando fala. Você conta um problema da sua vida, ele diz que você é culpada e você só queria ouvir um “calma, querida, as coisas vão nelhorar”. Você começa a desconfiar que ele não quer conviver com a sua tristeza, só com a sua alegria. E fica triste. Sua analista insiste em saber onde você quer chegar com essa relação, suas amigas dizem “vai, vive o momento, é isso o que importa”, sua mãe continua repetindo que você é uma eterna adolescente e que não está mais na idade de sentir essas coisas. E o tempo vai passando. Sua cabeça está cheia de minhocas. A lingerie sensual está enfurnada num canto do armário. E o que era apenas sentir, vai virando pensar. E quando a gente pensa muito, a gente sente menos. E o carinho e a cumplicidade, que eram tão bons, vão virando estranheza e distância.
Estava eu conversando sobre esses desencontros do coração com minha amiga de agradáveis cafés da manhã, a dermatologista Zaida Pitombo, quando lembrei de um conto de Caio Fernando Abreu. Chama-se “Pequenas epifanias” e fala de um amor que não decolou. Tenho esse texto sempre á mão para usar em emergências afetivas. Sentada num banco da Praia de Icaraí, olhando a Baía de Guanabara a minha frente, li para Zaida o trecho que sempre me emociona: “Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração.” Percebendo as lágrimas escorrendo no meu rosto, Zaida coloca a sua mão carinhosamente sobre a minha. De repente, eu dou uma gargalhada. Geralmente faço assim, não gosto que a tristeza me pegue porque ela pode ficar ali e não querer mais ir embora. E começamos a falar do filme que está fazendo a cabeça das mulheres niteroienses (mas só as de coração ardente): “O amor não tira férias”, de Nancy Meyers. Uma comédia que conta a história da executiva americana Amanda (Cameron Diaz) e da jornalista Iris (Kate Winslet) que, desiludidas no amor, se conhecem pela internet e decidem trocar de casa por duas semanas. Duas frases do filme ficaram martelando nas nossas cabeças. Uma delas, do personagem Arthur Abbott (Eli Wallach) para Iris: “Você é a protagonista da sua vida, mas vive como se fosse a melhor amiga da protagonista”. A outra, de Miles (Jack Black), quando ele começa a se encantar por Iris: “Dizem que quando o vento Santa Ana sopra tudo pode acontecer”. O Santa Ana sopra em Los Angeles na estação dos choques elétricos, quando o ar sequíssimo daquelas bandas fica com pilhas de eletricidade, igualzinho a um corpo possuído pela paixão. Lembramos ainda do Siroco, que lambe o deserto do Saara com sua língua quente como as coisas do amor. Nas tradições bíblicas, os ventos são instrumentos da força divina que dão vida, castigam, ensinam, são sinais e, assim como os anjos, são portadores de mensagens. De repente, eu e Zaida sentimos a fúria de um Sudoeste varrendo a praia. Olhamos para o céu e ele estava pesado e escuro, como às vezes fica o nosso coração, mas sabíamos que, em poucas horas, um manto azul- anil cobriria nossas cabeças. Naquele momento, não tive dúvida. A fúria do Sudoeste era um sinal dos céus para mostrar que a alegria e a dor do amor são instáveis como os ventos, e que a decepção pode surgir, como o amor, de onde menos se espera.

Thursday, September 27, 2007

Me against the music

Aí estava eu lá numa mesa de chope com quatro dos luminares lá do meu trabalhinho. E eis que uma delas me diz o seguinte, a respeito daquela meu testezinho mental que deu um resultado absurdamente bom em noção espacial:
"Isso requer uma criatividade muito grande. Eu não consigo pensar assim, sou totalmente cartesiana. Mas eu te vejo fazendo alguma coisa com arte. É essa tua capacidade de abstração que permite pintar, desenhar, esculpir. Vai fazer escultura que acho que tu vai te dar bem".
O raciocínio é bom, mas acho que faltei nas aulas de psicomotricidade para tanto...

Remember the time

A referência é maior do que a citação, mas vale a pena pra explicar o que é memória:

"Las cosas no son como las vemos sino como las recordamos."

VALLE-INCLÁN, Ramón del. apud MILTON, Heloisa Costa. Escritura, Memória, Autobiografia: o caso García Márquez. In: CAIRO, Luiz Roberto: OLIVEIRA, Ana Maria Domingues (Org.) América: ensaios sobre memória e representação literária. Assis: Ed. Unesp/Assis, 2007. p. 105.

Pedaço de mim

(Ou: quando precisares de uma mão amiga, encontrarás na ponta do teu braço)

Se uma pessoa vai ao pronto-socorro tomar pontos, um pontinho que seja, geralmente alguém vai com ela, certo? É um procedimento médico que requer uma certa atenção, diferente de pôr um band-aid, ou tomar uma aspirina.
Aí eu fui fazer uma micro-cirurgia. Com anestesia, e CINCO pontos. Na cabeça. Num lugar onde eu não enxergo - e atualmente, ainda sob o efeito da anestesia, sequer sinto se está sangrando ou não. Saí do consultório do mesmo jeito que vou passar os próximos dias: sozinha. Fui ao laboratório levar aquele pedaço de mim pra biópsia. Sozinha. E olhando praquela coisa feia grudada num pedacinho da minha pele - que, aliás, eu nunca tinha visto por dentro. Sim, é estágio pro ER.
A única vantagem foi passar no super e me auto-recompensar com um pote de sorvete e duas Bohemias escura. Que vou degustar, obviamente, sozinha. Como sempre.

Wednesday, September 26, 2007

Chocolate

E eu, que quase nunca compro chocolate, comprei uns bombons nem sei onde.
Há tanto tempo eu não comprava bombons que nem sabia que dentro do Serenata de Amor tem umas frasezinhas agora, coladas num papelzinho dentro, que nem tinha nos chicletes há milênios atrás.
No meu dizia "As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem."
Scaring.

Monday, September 24, 2007

Como é grande o meu amor por você

Na festinha de ontem a banda era especialista em Jovem Guarda. Uma gracinha que botou todo mundo pra dançar.
Mas essa música não só não é de dançar como quase me faz chorar toda vez que penso nela e no evento mais lindo em que já ouvi tocar, em outubro de 2004.

Ode to my family

Aí eu saio do Rio na quinta feira com um sol lindíssimo e confortáveis quase 30 graus, rumo a uma Floripa nublada que era a primeira escala da viagem a Lages, na Serra catarinense, pra participar de um evento sobre genealogia.
Na sexta feira, tive a chance de rever uma querida amiga enquanto o mundo caía do lado de fora do shopping e eu esperava meu translado pra tal cidade - contando com uma previsão do tempo que dizia ser a mínima 18 graus. DOCE esperança.
Por sorte a calorosa recepção que me aguardava se estendeu ao empréstimo de um casaco que me protegeu dos quatorze graus e da chuva ininterrupta. Por sorte duplamente, tinha um café super gracinha e com comidinhas ótimas justamente no meio do caminho entre o teatro do evento e o hotel.
Mais sorte ainda tive de contar com uma platéia adorável, de pessoas encantadoras, e que proporcionaram um evento incrível, com palestras incríveis e a chance de aprender coisas, ver coisas interessantes, se divertir, rir e até tomar um chimarrãozinho de lei.
Tudo ótimo, tudo excelente. Mas vamos combinar que acordar às sete da madrugada no final de semana não faz parte do modus operandi deste corpitcho, ainda mais se não tiver direito ao cochilinho de lei da tarde. Resultado: ao chegar de novo nos trinta graus estupidamente quentes da noite de domingo na baía, fui direto pro boteco onde tinha festa e antes de comer uma coisinha quase dormi sobre a mesa.
Ainda tô com sono, e são oito da noite de segunda. Acho que não duro mais uma hora.

Amor e morte

Cansada pra dedéu do final de semana - que foi lindo e chuvoso e puxado e inesquecível - chego pra trabalhar na segunda feira e me cai na mão mais um dos livros com minha ficha catalográfica, lá dos tempos do epa. E era um do Júlio Reny, que tinha entre muitas pérolas esta aqui:

E esta noite então, pensei que eu poderia deitar no teu colo. E como um gatinho, suplicar baixinho para você me beijar. Porque você não sabe o que é solidão acompanhada. Você não sabe o que é ter um amor impossível escondido no peito. Você não sabe o que são as noites nos quintais do meu coração.

Thursday, September 20, 2007

Makes me wonder

Viajei. Literalmente.
Estou em Santa Catarina por uns dias, colhendo os frutos do meu trabalhinho em genealogia.
E pela primeira vez andei de A320... não é ruim o aviãozinho não!

***
E pra não perder o hábito, parabéns pra nós que carregamos a bandeira verde, amarela e vermelha onde quer que estejamos. Nós que mostramos valor e constância, realizando façanhas modelares para toda a terra. Nós, os meridionais, orgulhosos, belicosos, arrogantes e lindos, gaúchos pela própria natureza.

Wednesday, September 19, 2007

Carry on my wayward son

A banda da semana é Trucco. E tenho dito.
Uns caras que tocam no mesmo set Carry on my wayward son, Here comes the sun, Smoke on the water, Eleanor Rigby, Comfortably Numb e New Year's Day, entre outras, só pode ganhar o título com louvor.

Tuesday, September 18, 2007

Circle of life

Às vezes a gente ganha umas oportunidades únicas de ver a vida como um ciclo.
Há uns anos atrás eu fiz uns servicinhos sujos, digamos assim... fazendo ficha catalográfica (coisa que eu odeio).
Hoje vou olhar minha pilha de livros que não pára de crescer, por mais que eu trabalhe, e vi um livro cujo nome do autor não me pareceu desconhecido. E nem o título.
Abro o dito e voilà. Minha fichinha!
Se eu pelo menos lembrasse de onde foi que eu tirei aqueles assuntos, podia nem me dar ao trabalho de pesquisar tudo de novo...

True colors

E ainda teve outro capítulo engraçado na noite de ontem.
Andando pela rua com a camiseta tricolor camuflada debaixo da jaqueta, o azul celeste escapa por entre os botões.
E chego no boteco dando de cara com um senhor de sorriso larguíssimo e mão estendida para o mais gaudério dos cumprimentos, uma camiseta em verde, amarelo e vermelho com mangas tricolores que ele fez questão de mostrar.
Já me puxou, me mostrou quilos de fotos do churrasco comemorativo dos 104 anos, chamou uns dois ou três para ver "mais uma" e me deu o endereço onde toda a gauchada se reúne para ver os jogos.
É. A gente se reconhece pelo cheiro, como diria a Ana, e pelas cores.

Moonlight and vodka

Da série "só tem maluco no Rio":
Confraria reunida no segundo QG, em Copacabana, numa esquina pacata.
Pára um cara meio de cantinho a ouvir as histórias da época da Danuza RP do Hipopotamu's...
e dali a tantas o cara chega na mesa e interrompe a conversa. Gente boa, o cara, seus quarenta e tantos, lembrando da época da night nos anos 80...
aí ele larga a pérola indiscutível da semana:
"Eu bebia vodca com menta, ficava bêbado mas com bom hálito!"

Monday, September 17, 2007

Revival

Quanto tempo pode durar um sentimento sem ser alimentado?
Uma expectativa?
Uma perspectiva? Ou uma não-perspectiva?
Quanto tempo pode durar uma lembrança?
Quanto tempo pode sumir entre dois momentos?
Quantas perguntas podem ocupar uma cabeça ao mesmo tempo?

Saturday, September 15, 2007

Burnin' down the mountain

Essa do Xico Sá foi tão impagável que acabei reprisando aqui.

PORQUE A ALMA PRENDE FOGO QUANDO DEIXA DE AMAR
(para ler ao sonido de El Desierto, de Llhasa, a cigana mexicana de todas las fronteiras)

Esses zolhinhos mapuches guardam todos os venenos andinos e neles bóiam desesperadas canções de ninar pesadelos, mas esses zolhinhos também guardam o fogo retido no sem-fim dos amores, porque os homens passam, as mulheres passam, mas o fogo nunca, ele apenas se disfarça como um vulcão adormecido que retorna sobre lindas botas a caminho de galápagos e um sorriso das mais safadas serpentes do paraíso.

Friday, September 14, 2007

Shame

A Internet é mesmo uma coisa sensacional.
Eu aderi à campanha da Vergonha Nacional, e vocês?

Book of days

- Por que não está na biblioteca? - perguntei, de repente.
Ele levantou os olhos.
- Hoje é quarta, a biblioteca não abre.
- Ah. Há quanto tempo trabalha lá?
- Três anos. Antes, fui da biblioteca de Nîmes.
- É a sua profissão? Bibliotecário?
Ele me olhou de soslaio, enquanto acendia um cigarro.
- É. Por que a pergunta?
- Porque... não parece bibliotecário.
- Pareço o quê?
Examinei-o. [...]
- Gângster - respondi. - Só faltam os óculos.
Jean-Paul sorriu de leve e soprou a fumaça do cigarro, formando uma cortina azul em volta do rosto. - Como é que se diz nos Estados Unidos? "Não julgue o livro pela capa."
Retribuí o sorriso: - Touché.


CHEVALIER, Tracy. O Azul da Virgem. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 60-61.

A fábrica do poema

Já disse aqui diversas vezes mas não canso de repetir o quanto gosto do meu trabalho. Só desse jeito eu tenho contato com tanta literatura boa. É claro que no meio sempre vem umas merdas, mas no cômputo geral é sempre tudo tão encantador que dá nos nervos de não ter um HD auxiliar, ou dinheiro para comprar tudo e espaço para guardar. Ontem, por exemplo, foi "Cartas de Iwo Jima", triste triste. E hoje me cai no colo um livro de poesia adorável do Marco Antonio Figueiredo chamado "Um". São tantas belas peças que copiei quase o livro todo. Aqui, vou deixar uma (me roendo pelas outras):

Pass-partout

entre quatro paredes
verdades são redes
existem
mas não matam a sede

The best

O melhor título de filme "vertido" para português de todos os tempos: Daunbailó.

We close our eyes

Para um monte de coisinhas que vão atolando, atolando...
e quando a gente vê, está lá entediada no meio da multidão em que deveria estar supostamente se divertindo.
Aí a gente entra no dilema de encarar que está num mundinho que não nos pertence, ou fazer de conta que está achando supimpa (af essa merda de palavra de novo) estar apertada no meio dum bando de gente esquisita e mal educada, com um serviço ruim e um som que definitivamente não nos diz respeito.
Como diria Tati Bernardi em mais uma das felizes crônicas, as pessoas mais interessantes estão em casa - que era de onde eu não devia ter saído.
Sim, eu estou anti-social. Estou me atordoando em aglomerados de mais de quatro pessoas.
E espero do fundo do coração que amanhã seja um dia mais produtivo, e que eu repita aquela memorável noite de seis páginas de rendimento.

***
Pérola da noite:
"Que cor é essa? Eu nunca te vi de batom!"

Wednesday, September 12, 2007

Memória dos bardos das ramadas

Saio do ônibus em que o motorista fez uma barbeiragem impressionante - excluindo daqui o fato de que o outro motorista também fez merda - para entrar no outro ônibus que parou para recolher os pobres passageiros que não tinham nada a ver com o pastel.
Uma das passageiras olha pra mim e abre a boca.
TU VIU O QUE ACONTECEU???
Vi.
E bla bla bla. Três frases bastaram.
Tu é gaúcha, né?
Ela sorriu.
Sou, de Porto Alegre.
É, a gente se reconhece.
E o papo rendeu tanto - ela, há quatorze anos fora e falando como se tivesse vindo de lá ontem - que ela quase perdeu a PARADA do ônibus.

History repeating

Além da minha vida ter andado um revival, nos últimos dias a febre foi de repetição de temas em conversas com pessoas e grupos diferentes.
Falava ontem em plena reunião extemporânea das Dragas a respeito de Nelson Rodrigues e dizia eu que não gostava dele. Sei lá. Li há um tempão e não me tocou.
Mas aí hoje me cai no colo um livro de entrevistas da Clarice Lispector. Ela como entrevistadora, não como entrevistada. Coisas belas e sensíveis em entrevistas com pessoas de todo jeito e feitio. E pronto, lá estava Nelson Rodrigues subvertendo meus conceitos a respeito dele.
"A grande, a perfeita solidão exige uma companheira ideal".
"Diante do resto do mundo eu sou um homem maravilhosamente só".
"Ou eu dou muito pouco ou os outros não aceitam o que eu tenho para dar".
"- Qual é a coisa mais importante para uma pessoa como indivíduo?
- A solidão".
"Nenhuma forma de impudor é lícita se a criatura não ama".

E de brinde ganhei ainda Neruda:
"- Como é uma mulher bonita para você?
- Feita de muitas mulheres".
"- Diga alguma coisa que me surpreenda.
- 748".

Rehab

Não bastasse a minha alimentação já não ser um primor (e olha que é a melhor de todos os tempos), eu ainda inventei um vício.
Um desgraçado dum vício que custa R$ 3 a cada recaída.
Tortinha de limão. Afe.

***
Isso depois da reunião extraordinária da Confraria de ontem, ocorrida numa churrascaria herege que serve ao mesmo tempo carnes, sushi, camarão, bolinho de bacalhau e um monte de outras bobajadas que só servem pra disfarçar o inevitável nas churrascarias do Rio: a carne até que dá pro gasto, mas eles não sabem salgar.
Fora o garçom que trouxe o cupim e se chamava Carneiro.

Tuesday, September 11, 2007

Aprendendo a jogar

Coisas que eu aprendi hoje:
Eu tenho acne. No menor grau, mas tenho.
Eu tive milium. Não tenho mais porque o bisturi elétrico deu cabo.
Milium é o nome empolado pra quisto sebáceo.
As pessoas REALMENTE não sabem a diferença entre descendente e ascendente.

Coisas que eu não aprendi hoje, e acho que não vou aprender nunca:
Não é recomendável se empanturrar de spaghetti no almoço e leite condensado no lanche do dia seguinte a uma indigestão.

Monday, September 10, 2007

Meu mundo caiu

O último bastião da minha vida pregressa que permanecia praticamente imutável desde os tempos mais remotos sucumbiu.
Minha natureza taurina, que precisa de pontos de referência, está órfã. O lugar está lá, mas a essência não é mais a mesma.
Que tempo bom que não volta nunca mais, e nunca voltará.
E que dor no coração.

Me leva pra casa

Decididamente, a música do feriado. Ouvi duas vezes em lugares diferentes no sábado.

Ligo o rádio do meu carro
Pego a estrada
Não sei nem pra onde vou
Ponho o óculos escuros
E deixo a mente apertar o acelerador
Essa noite eu quero festa quero rua
Eu quero é me apaixonar
Num romance a cem por hora
Alguém sozinho como eu pra poder falar

Me leva pra casa
Me pega no colo
Me conta uma história
Me fala de amor

Pearls

As pérolas do feriado:
"Congonhas não pode ter sido um erro"
"Tirando as minhas namoradas, nunca fiquei com ninguém de dia"
"Estou olhando no fundo do olho de vocês. Você tem a proteção dos anjos. Incenso azul. E tem uma coisa de sensualidade. Você gosta muito de violeta, né? Incenso violeta"
"Tu é loira ou morena afinal?"
"As taurinas são as mulheres mais sexies do zodíaco"
"Toda vez que eu te vejo me dou conta de que fiz uma cagada. Não devia ter tentado ser teu amigo. Devia era ter tentado te conquistar"
"Aqui sempre foi assim. A música é em blocos, e todo mundo adora" (depois do dj engrenar um set de house com Franz Ferdinand)
"Ele estava te admirando" (o caixa do Dufry)

Episódios:
Uma mordida no braço
Um desmaio na porta do bar com direito a corte no supercílio e sangue no chão
Um quebra-pau surreal e idiota, vinte minutos depois do desmaio
Uma tainha na telha que levou uma hora pra vir e estava meia-boca
Uma festa black com dj's que não sabiam mixar
Uma tarde impecável no Brique
Voar com o Celulari
E terminar tudo se retorcendo de dor de estômago às cinco da manhã.

These are the days of our lives

Quinta.
Quatro horas plantada em Congonhas, meio xis porque um inteiro não ia caber, uma voltinha básica no boteco de costume e a volta ao consumo de tequila, oito anos depois.

Sexta.
Passeio na Ipanema portoalegrense, pôr-do-sol, quebra-pau surreal e testes de lugares onde nunca mais piso.

Sábado.
Pizzaria, show-show, e meu pequeno mundinho remanescente se esvaindo diante dos meus olhos.

Domingo.
Redenção, mais um estagiozinho básico em Congonhas e um desfalque de 160 renales na conta, tudo por causa de um nome de perfume.

E foi isso. Evidentemente teve outros bons e memoráveis momentos, mas vou confiar na minha memória. E comentar alguns em posts apropriados.

Love to hate you

Congonhas, eu te odeio.
Por tua culpa, tua máxima e exclusiva culpa, eu passei horas intermináveis de ócio neste feriado. Horas em que eu podia estar rendendo coisas mais úteis, como por exemplo organizando minhas idéias - que são muitas e dispersas - em formato de posts a respeito da saga do feriado da Independência nos Pampas.
Por tua culpa eu gastei doze renales em chopes, e mais 160 num perfume que só comprei pelo nome.
Por tua culpa eu fui obrigada a vir pro Rio no mesmo vôo do Edson Celulari e do Carlinhos de Jesus.
Eu concordo que nem tudo foi horrível nas minhas quase oito horas congonhenses, mas vamos combinar que ver aquele trilho de rodinhas de A320 no canteiro indo em direção à rua não é a cena mais agradável de se ver em pleno pouso.
Por tua culpa eu vou dormir pouco, e acordar cedo amanhã mal-humorada e com uma mala por desfazer, e mil coisas na cachola, e mil eventos pra digerir, e milhões de palavras a escrever para ver se organizo um pouco esta vidinha ordinária.

Saturday, September 08, 2007

As time goes by

You must remember this
A kiss is still a kiss
A sigh is just a sigh
The fundamental things apply
As time goes by


E não, não foi pensando no Bogart de plantão.
Foi pensando na minha própria vidinha ultimamente. Não é uma boa metáfora?
As time goes by...

Wednesday, September 05, 2007

Algo que não se pode tocar

Estou vendo o universo conspirar.
Só não sei bem a favor de quem.

Tuesday, September 04, 2007

Learning to live

Tudo na vida representa uma oportunidade de aprendizado. Na maioria das vezes, nossas experiências mais dolorosas abrem portas que precisam ser abertas para podermos dar o próximo passo. Isso significa que, algumas vezes, temos de pisar sobre o que nos parece brasa para chegar até a porta. Quando a abrimos, o aprendizado está nos esperando do outro lado.

Novidades: algumas. Principalmente que o Rescue funciona.
E que apesar do turbilhão de sempre dentro da cachola, as palavras estão empoladas, embotadas, engastadas nalguma espécie de liga que não descola.

Sunday, September 02, 2007

Ai que saudades da Amélia

Ou não, porque até que me saí razoavelmente no papel hoje.
Tem até um cheiro de produto de limpeza no ar!

The end

Entretanto, antes de chegar ao verso final já tinha compreendido que não sairia nunca daquele quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no instante em que Aureliano Babilonia acabasse de decifrar os pergaminhos e que tudo o que estava escrito neles era irrepetível desde sempre e por todo o sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra.

Me calei e fiquei abestalhada olhando para os Cem Anos de Solidão, fechados em minhas mãos. Que prodígio da palavra.

***
E o trecho da meditação do dia:
Na maioria das vezes, estamos tão ocupadas nos protegendo que não ousamos correr o risco de deixar as pessoas saberem que não somos perfeitas. É claro que, normalmente, somos as únicas a serem enganadas por essa nossa invenção, mas somos levadas a acreditar que os outros também se enganam com ela.

***
Acabei uma maratona de sete eventos em dois dias. Tô morta, mas ao fundo me parece que está Falcão cantando "valeu a pena, ê ê".
É bom retomar contatos e perceber que as pessoas estão felizes com a nossa presença.
E hoje, em especial, foi o dia dos aniversários - três, para ser mais exato (e não vale desejar ter mais desejos! só isso! três! uno-dos-tres, sem reembolso e nem devolução)
ai. acho que tem dois perpétuos sentados aqui, um de cada lado. O Sonho à esquerda, e Delirium à direita, digitando junto comigo.

Saturday, September 01, 2007

Always on my mind

E espero que tu leia, coisinha.
Repara na hora.
Para além das milhares de sinapses que me ocorrem o dia todo, para além dos sei-lá-eu-quantos cabeçalhos de assunto que eu consigo imaginar por dia, é só tu que está aqui, always on my mind.
Às quase sete da manhã, quase vinte e quatro horas acordada, ou no meio da pista, ao som de qualquer coisa que me lembre do que a gente viveu, junto ou não, ou que eu te "ensinei", coisas do tipo Number of the Beast às cinco da manhã, um Pearl Jam na sequência, e um solo alucinado de guitarra, e essas merdas todas que me fazem lembrar de cada quilômetro físico que nos separa para além da distância que eu dava uma parte de mim para não existir.
É tu. Só tu. Always on my mind.
Eu te amo, sua coisinha. Eu te amo, te amo, te amo.
Sonhei que tu tinha morrido ontem e quase morri junto. Eu quis morrer junto no meu sonho, só pra não ter de suportar a tua não-presença nesse mundo. Eu sonhei coisas horríveis, e quis morrer junto, só pra não ter de sonhar nunca mais com uma merda dessas.
Eu te amo, sua pequena coisa que eu mais quis nesse mundo e que é tão distante de mim.