Saturday, March 31, 2007

Killing moon

Assisti agora há pouco outro filme do diretor de "O filho da noiva".
Nem me lembro quem foi que me falou do "Clube da lua" pela primeira vez, mas nunca ouvi falar mal. Além da direção que é daquela mesma delicadeza, tem o excelente Ricardo Darín fazendo dupla de novo com o maluco do Filho da noiva.
É o tipo de filme que eu ando evitando ou vendo à exaustão, pelo efeito meio catártico.
Mas ele tem uma cena em especial que vale um comentário à parte.
É quando o mocinho vai atrás da esposa num café. Ela está sentada numa mesa, de costas, e ele chega perto e chama "hola mi amor". Ela se vira rápido, muito sorridente.
E a cena fica uns cinco segundos sem diálogo. A câmera fixa nela e na expressão sorridente, que muda para uma surpresa e em seguida para um constrangimento, uma tentativa de disfarce. Em cinco segundos a atriz dá o recado sem uma palavra só. Não era ele quem ela esperava ver, não era dele o amor que ela esperava.
Que cena. Que atriz.

Contradiction

Quando estou no Rio, me pego ouvindo rádio de Porto Alegre.
Em Porto Alegre, escuto a rádio do Rio.
Alguém entende?

Friday, March 30, 2007

La vie en rose / Sweet dreams

When he takes me in his arms
And whispers love to me
Everything's lovely
It's him for me, and me for him
All our live
And it's so real, what I feel
This is why...

Ursinho blau-blau

É natural que numa caucasiana clássica (de tão caucasiana eu diria prussiana da gema) a pele sob os olhos tenha um tom um pouco mais escuro que o do resto do rosto. As famigeradas OLHEIRAS são nada mais nada menos do que o efeito de se ter uma pele mais fina sobre uma área altamente vascularizada.
Só que no meu caso a coisa passou do limite do aceitável há algum tempinho já. Desde então, adotei o codinome Panda, que é a coisa mais próxima de mim no momento. Preguiçoso, indolente, com aquela cara indefectível de carentozice e uma rodela preta em torno dos olhos. Pode ser mais perfeito?
Pode. Resolvi ter um final de semana de panda também. Três filmes, uma jantinha básica (o que já são os ventos da mudança aparecendo) e um vinhozinho.
Só faltava uma boa companhia. Mas enfim, não se pode ter tudo na vida.

Fly away

Quarta feira está chegando e meu pânico aumentando.
Quanto tempo ficarei presa no aeroporto?
As apostas já começaram.

Thursday, March 29, 2007

Fear of the dark

Abro meu livrinho de mensagens para toda a vida ao acaso e está lá a frase do Hesse:

"A solidão é o caminho pelo qual o destino se esforça para conduzir o homem a si mesmo. É o caminho que o homem mais receia. Está cheio de terrores, onde existe víboras e sapos à espreita".

Às vezes essas coisas me assustam.

Eu que não amo você

Trechos sensacionais de músicas que tenho ouvido

Eu que não fumo queria um cigarro
Eu que não amo você
Envelheci dez anos ou mais nesse último mês


Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar


Dizem que tô louco
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê


It’s times like these you learn to live again,
It’s times like these you give and give again.
It’s times like these you learn to love again,
It’s times like these time and time again.


Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim


Sim, é uma encheção de linguiça, ou um indício forte do caos tão confuso que não sei se está cheio ou vazio.

Stupid girl

Enquanto a cabeça ferve, o resto do corpo pena.
Fico me detonando, comendo mal, bebendo mal, dormindo mal.
Mas um bom começo se avizinhou de mim: eu até que fiquei com vontade de comer pizza.

Sei lá. Tudo muito esquisito.
Eu tô esquisita.
E irritada com o andamento da vida.

Would?

If I could, would you?

Se eu pudesse, (e quisesse) tomaria meu próprio sangue agora.
Se eu pudesse.
Se eu pudesse.
Te faria entender a Ana Carolina. Toda.
E não te faria lembrar de alguém que nada mais vale.
Se eu pudesse, não teria fumado.
Se eu pudesse.
Não estaria aqui escrevendo em .txt e não no blog direto.
Teria um estoque de fdp de filtro de linha.
Se eu pudesse, faria parar de escorrer essa ferida maldita.
Guarde que eu nunca te quis mal...

Se você não me queria
nao devia me procurar
não devia me iludir

principalmente quando eu não posso publicar, porra.

whatever.

é mágoa.
sim, estou vendo o dvd da ana carolina que é tudo o que eu gostaria de te dizer agora.
se eu pudesse, te dava uma memória prodígio
eu só queria distância da nossa distância

lembrei que era pra cada um ficar na sua

não é tudo tão parecido?

atirei uma pedra na sua janela
e logo correndo me arrependi
foi o medo do plágio me pegar...
mas é isso mesmo.

e sabe o que é pior?
eu escrevo tudo isso, um bilhão de pessoas compreende.
menos o missivista desta.

(eu só não consegui foi te acertar o coração
porque eu já era o alvo
de tanto que eu já tinha sofrido
aí nem precisava mais de pedra)

é mágoa
e o que eu choro (ou não) é água com sal
se der um vento são as águas de março
se eu for embora, graças a deus sou eu de volta.

Tuesday, March 27, 2007

Why

Pergunta que mais me tem perturbado: por quê?

Sunday, March 25, 2007

Too much love will kill you

Não sei se deu pra perceber, mas ando numa falta tremenda de articulação. E por conta disso, ando mais copiando e colando excertos aqui do que de fato escrevendo. Aí vai mais um, de mais um dos livros eróticos que me deram pra classificar.

"Voltei para a pista e vi os dois se beijando. Minhas colegas da faculdade, ao que parecia, já tinham ido embora. Dancei um pouco sozinha e tomei um copo de vodka. Depois voltei pra casa a pé, chutando pedrinhas, como nos filmes. Com tanta coisa na cabeça que não conseguia pensar em nenhuma. Eu me sentia, pela primeira vez na vida, linda. E me sentia desejada. A menina mais bonita da boate tinha me escolhido e traído o namorado comigo. Podia ter escolhido qualquer outra para fazer aquilo, mas me escolheu. Era a parte boa da história e tentava me concentrar só nessa, para não sofrer o resto."

Ormond, Andréa. Longa carta para Mila. SP: GLS, 2006. p. 10

Mejor así

Tô lá naquela postura maravilhosa de frango assado em pleno consultório médico, sendo examinada pela maluca mais maluca que já vi.
Aí vem a pérola.
Mas que quadril maravilhoso, que pelve ótima, vai dar uma excelente parideira!
O QUE?
É, olha só quanto espaço aqui! Você vai ser daquelas grávidas que só vão ter barriga lá pelo sexto mês com esse espação todo!
Não sei se é pra rir ou pra chorar, mas enfim, está confirmado clinicamente: sou a clássica ancuda.

The great gig in the sky

Sexta feira corrida, pra coroar uma semana difícil.
QUATRO HORAS sentada numa sala de espera aguardando para finalmente descobri que estou curada de mais um trauma, graças a Deus.
Voar pra casa pra largar a bolsa e trocar de roupa.
No meio do caminho rumo à Apoteose, trocar de idéia. Não vou de metrô, vou com meus amigos.
Os mesmos amiguinhos enrolados de sempre que se atrasam pra tudo e ainda ficam putos porque Roger Waters, O Supremo Lorde Inglês, começou o show com a afamada pontualidade britânica.
Nove e meia em ponto, a banda começou. E a multidão carioca, que desconhece os significados intrínsecos no ato de marcar um horário, se acotovelando nos bretes feito uma boiada indo para o abate.
Passar dos bretes já foi um suplício, mas foi pior achar um lugar onde se conseguisse ver alguma coisa. Enfim, achado o lugar e constatado que eles sempre fazem o palco um pouco mais baixo do que deviam, lá estava ele. Waters e companhia. Desta vez ele trouxe dois dos meus músicos favoritos que participaram do dvd In the Flesh: Jon Carin, tecladista, e Graham Broad, baterista. Também vieram os indispensáveis Snowy White e Andy Fairweather Low, que tive o prazer de assistir pela terceira vez. Uma das vocalistas do dvd também veio e arrasou.
Neste show a superação ficou por conta do telão no palco. Indescritível. Projeção de altíssima qualidade. E o porco, tão esperado, estava lá pichado com frases meio clichê do tipo "Hey killers leave our kids alone". Ganhou os céus depois de uns minutos e alguns de nós ficaram pensando onde é que essa porcaria vai cair... e eu cá no chão, sentindo falta de Dogs.
A opção de tocar Southampton Dock num formato mais acústico foi certeira. O tilt no som no meio do primeiro bloco pegou todo mundo desprevenido. O segundo bloco, uma interpretação impecável do Dark Side of the Moon. Tão impecável que foi apenas cinquenta segundos mais rápida do que o disco original.
E no bis, o coral infantil em Another Brick in the Wall foi genial.
Enfim. O show foi sensacional, mas o primeiro foi melhor. Talvez por ser mais impactante, por muitos de nós nunca terem visto o som quadrifônico funcionando de verdade, aquele primeiro show vai ficar na memória. Este também, mas mais pela lenda do lado escuro da lua do que propriamente pela exibição quase hermética de tão impecável.

Thursday, March 22, 2007

Rain

Dava um dedinho por uma janela onde batesse chuva.
Onde eu pudesse sentar e lavar a alma, sem vizinho nem janela alheia em volta.
Dava um dedinho pra poder andar na rua com chuva.
Sem trânsito, sem sinal, sem gente olhando, sem babaca falando merda.
Um dedinho. Imaginário, que fosse. Mas eu dava.

I'm ready

Pra que, exatamente, não sei.
Talvez para ter um siricotico.

Fato é: essa semana tá complicada. Perdi a conta das pessoas que passaram por mim e me perguntaram se estava tudo bem - e saíram com cara de quem não acreditou na resposta. E elas tinham razão, sabe?
Mas no meio do caos sempre tem algo de bom.
E foi assim com a minha tarde, quando tive o prazer de ver Lilia Moritz Schwarcz ao vivo e em cores.
Minha ídola suprema. Duas horas de puro deleite.
Mas, obviamente, a tempestade volta: gente assim me desestimula um pouco. Porque eu jamais vou ter esse brilhantismo todo. Nem nascendo de novo.
É melhor me concentrar no que de melhor faço: ter dores de cabeça.

Manhã

O cheiro dos lençóis ainda limpos anuncia: ele não vai mais voltar.

Carry me on

E segue a série dos escritos alheios que me assustam. Novamente é Tati Bernardi.

"Acho tudo um grande porre. Um grandessíssimo porre. De vez em quando, no meio do porre, a gente arruma alguém pra fazer uma coceguinha no nosso coração. Mas aí, depois da coceguinha, a vida volta ainda mais tosca. E tudo volta um porre ainda maior.
Porque ninguém se mantém interessante ou mágico. Mas a gente espera, lá no fundo, perdido, soterrado e cansado, que a vida compense de alguma maneira. E a gente ganha dinheiro, compra roupa, aprende novas piadas, passa protetor labial. Só pra que a vida compense em algum momento. Só pra ganhar a coceguinha no coração. Coração burro, tadinho. Que preguiça desse coração burro.
E a pessoinha mortal e cheia de motivinhos legais pra ser feliz segue aprisionada por essa falta de alma. E minhas coisas vão se acumulando. E não há nada que eu possa fazer sem minha alma. A agenda vagabunda me espera, com datas, esperanças e meios de ganhar dinheiro. E eu sequer consigo virar a primeira página. E milhões de livros ganham silêncio. E músicas novas perdem meus buracos. E garotos falsos cognatos perdem meus buracos. E eu estou no escuro, com uma leve impressão de que preciso voltar para a vida, porque a vida está acumulando e depois eu não vou dar mais conta de ser eu. Mas que preguiça de ser esse eu aí. Esse ser cheio de vontades, certezas e vidas na ponta da caneta. Eu me espero como uma boneca murcha, ensacada pela minha falta de alma."

Ouch.

Wednesday, March 21, 2007

Always believed in you

"As mulheres comuns não tocam jamais nossa imaginação. Elas são limitadas pelo seu século. Jamais são transfiguradas pelo encanto. Compreendemos com tanta facilidade seu espírito quanto conhecemos seus chapéus. Sabemos sempre onde encontrá-lo. Em nenhuma delas podemos encontrar mistério. Elas andam a cavalo de manhã pelo parque e tagarelam em volta do chá à tarde. Têm um sorriso estereotipado e se comportam de acordo com a moda." (Wilde)

"Existe uma força da natureza, segundo Schopenhauer, que atrai dois indivíduos de sexo diferentes, um para o outro. Schopenhauer nomeou este fenômeno como Geschlechtliebe, ou seja, "amor sexual". Para Schopenhauer o amor é enganador, uma resposta imediata a um tipo de "gênio da espécie" que nos obriga a procriar. Se existe um "querer", esse querer é para nós poderosamente atrativo enquanto pulsão sexual.
[. . .]
No livro II de O mundo como vontade e representação, Schopenhauer nos remete até a explicação etiológica da natureza, sugerindo que essa explicação não poderá dar conta de compreender as forças internas dos fenômenos, uma vez que tudo o que podemos ver são as forças da natureza ocorrendo, sem o entendimento do porquê elas ocorrerem.
Sabedores de que o mundo é representação, nós nunca poderemos conhecer os trabalhos internos do mundo, devemos desvelar o significado desta representação. A resposta à qual Schopenhauer chegou foi de que o mundo é vontade. Todos nós, seres senscientes, temos uma vontade própria e ainda assim esta se encontra inserida numa vontade universal, em natureza.
Logo, será exatamente neste ponto que a sexualidade sobe ao palco da vida humana. Schopenhauer afirma: nossa vontade imediata é o nosso corpo, sendo todo corpo uma vontade objetivada. O corpo então, sendo condição de conhecimento da vontade de qualquer um, fornece miríades de apelos."

(ROCHA, Fabio Liborio. Schopenhauer e o Assassinato do Desejo. Palmas: Kaygangue, 2003. p. 77-78)

Easy

Sorte de hoje:
Deixe de lado as preocupações e seja feliz

Aham. Se me derem o manual de instruções...

Que se danem os nós

Aí o meu desânimo velho de guerra que me impossibilitou de qualquer coisa útil ontem me impossibilitou de ver TOTONHO E ANA, numa participação especial e inesperada.
Bem feito. Quem espera, cansa.

Tuesday, March 20, 2007

...

Este post não tem nome, porque eu tenho milhares de nomes para o que passou desde domingo.

Águas de março: finalmente chegaram, e se deus quiser com a promessa de vida no meu coração.

The power of goodbye: indeed. There's no greater power e a Madonna é gênio.

Nothing else matters: tô lá no meio do show do Blind Guardian e um sujeito de costas pra mim me chama a atenção. É muito parecido com um dos meus mais caros amigos, de quem não tinha notícias há uns quatro anos. Fiquei pensando por onde ele andaria.
Aí ontem de manhã recebo um mail da criatura. E nos encontramos pra jantar. E foi ótimo. Falamos sobre muitas coisas destes mais de dez anos de amizade, mesmo à distância e sem contato. Acho que a vida é sobre isso: reencontrar os pedacinhos da gente que a gente espalha por aí com os outros.

Pain lies on the riverside: diazinho de cão. Dores, dores, dores. Desisti de ficar bancando a resistente e vim pra casa, no meio da manhã. Fiquei o dia todo no silêncio e na solidão, pensando mais do que o habitual (se é que isso é possível), raciocinando, refletindo, tentando entender.
Não dá.
Dói. Incomoda.
Pra que se dispor novamente se é pra quebrar a cara? Quantas vezes as pessoas precisam quebrar a cara? Por que sempre tem um esperto e mal intencionado que consegue fazer o inacreditável sem que o outro se sinta ultrajado?
Por que é que as coisas têm de ser tão estressantes?
Tô realmente me sentindo esgotada. No meu limite. Vontade de jogar tudo pro alto.
A sorte de hoje é: "Quem se apaixona por si mesmo não tem rivais". Mas tá difícil de se apaixonar por mim de novo.
Tá difícil até mesmo escrever.

Sunday, March 18, 2007

I'm alive

Sim, i'm alive.
O show do Blind Guardian - o penúltimo da maratona, se nada mudar até terça feira - foi beeeem bacana. Com direito a novas amizades maluquetinhas.
Acho que foi um bom encerramento pra essa semana maldita, cheia de contratempos, aborrecimentos, cicatrizes. Com a certeza de que estou alive and kicking. Ainda meio angustiada, meio engasgada, a garganta ainda estranha, mas estou viva. Ainda não é hora do réquiem.

2 Bicudos

Depois não querem que eu ame Totonho ops, Antonio Villeroy e Ana Carolina.

Quando eu te vi andava tão desprevenido
Que nem ouvi tocar o alarme de perigo
E você foi me conquistando devagar
Quando notei já não tinha como recuar
E foi assim que nos juntamos distraídos
Que no começo tudo é muito divertido
Mas sempre tinha um amigo pra falar
Que o nosso amor nunca foi feito pra durar
Por mais que eu durma eu não descanso
Por mais que eu corra eu não te alcanço
Mas não tem jeito eu não sei como esperar
Desesperar também não vou
Não vou deixar você passar
Como água escorrendo nos dedos
Fluindo pra outro lugar
Ninguém pode negar que o nosso amor é tudo
Tudo que pode acontecer com dois bicudos
Não são tão poucas as arestas pra aparar
Mas é que o meu desejo não deseja se calar
Até os erros já parecem ter sentido
Não sei se eu traí primeiro ou fui traído
Não te pedi uma conduta exemplar
Mas é que a sua ausência é o que me dói no calcanhar
Por mais que eu durma eu não descanso
Por mais que eu corra eu não te alcanço
Mas não tem jeito eu não sei como esperar
Desesperar também não vou
Não vou deixar você passar
Como água escorrendo nos dedos
Fluindo pra outro lugar
Será sempre será
O nosso amor não morrerá
Depois que eu perdi o meu medo
Não vou mais te deixar

Age of loneliness

Às vezes eu me esqueço daquilo que a sábia Danuza Leão expôs tão bem no seu livro. A gente nasce e morre sozinho.
Eu é que sou uma besta e às vezes caio na ilusão de que não é verdade.
Não choro, nem perco o sono ou a fome, pelos outros. Choro por mim. Tenho pena de mim que sou uma tola sentimental, por baixo da carapaça.

Pois é / Nuvem negra

O bom do tempo passar é que ele dificilmente passa em vão. A gente sempre aprende alguma coisa.
Eu estou aprendendo Chico Buarque, com o indispensável material de apoio gentilmente cedido pela minha chefe. É um DVD chamado "Meu caro amigo", gravado quase que todo na BN. Lindo, lindo.
Pois é. E tem algumas pérolas do tipo a gravação duma música linda chamada "Pois é", ele com a Elis. E tem a minha favorita até agora, porque combina um tanto com o meu momento, chamada "Nuvem Negra", que não é dele, é do Djavan até onde eu sei, mas no DVD está interpretada pelo Chico, pelo Djavan e pela Gal, esquisitíssima.

Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tudo
Passa nuvem negra
Larga o dia
E vê se leva o mal
Que me arrasou
Pra que não faça sofrer mais ninguém
Esse amor que é raro
E é preciso
Pra nos levantar
Me derrubou
não sabe parar de crescer
e doer

Saturday, March 17, 2007

Wicked game

O que é que está havendo?
É uma conjunção astral e todas as pessoas que eu leio estão escrevendo o que eu gostaria de escrever?
Esta é Clarah Averbuck:

olhaqui,
deus,
ou sei lá quem está no comando dessa palhaçada toda:
já pode parar.
já chega.
o que quer que eu tenha feito tem gente fazendo coisa pior, matando, perversificando a vida dos outros, chutando animais indefesos, roubando, maltratando, dilacerando, fritando, estuprando, enfim, e eu tenho certeza que a vida dessas pessoas não segue o curso de palhaçada sentimental da minha.
eu sou um joão bobo sentimental.
certo, eu não sou.
porque eu DOU COM A MINHA CARA NO CHÃO.
mas ela não quebra. não mais.
eu escolho os piores, um ex-amor me disse.
"que bom!", ele também disse.
bom para ele, que era realmente um dos piores.
e lá vai ela jogar a cara no chão de novo.
aí passa. ou quase. ela casa. tem filhos, fica tudo um pouco bem e ela acha que vai ser assim para sempre.
mas não.
lá vai ela com a cara no chão porque foi trocada escada abaixo.
aí o cara se arrepende, mas é tarde: ela está perdidamente apaixonada por outro.
que entra em um avião e nunca mais volta.
cara no chão.
me demito. não posso viver abraçada à falta de alguém. não assim.
amor sem amor se apaga, eu li em algum lugar.

agora eu ando por aí estendendo meu copo aos passantes, jogando umas certezas para cima só pra ver se eu consigo acertar no alvo e engolir de volta. e não entendendo uns procedimentos alheios. e me sentindo culpada por umas coisas que não têm nada a ver comigo. e já achando que eu talvez sucumba em breve. se ninguém mais atrapalhar. se ninguém mais se meter no meu caminho.
tomara que eu não estabaque a minha cara de novo.
não sei como a minha cútis ainda é tão boa.
eu não quero passar por aquilo de novo.
porque cansa, sabe.
cansa bastante.
eu não quero mais que o fracasso seja o meu melhor amigo.

Dogs

É isso.

You gotta be crazy, you gotta have a real need
You gotta sleep on your toes, and when you're on the street
You gotta be able to pick out the easy meat with your eyes closed
And then moving in silently, down wind and out of sight
You gotta strike when the moment is right without thinking.

And after a while, you can work on points for style
Like the club tie, and the firm hand shake
A certain look in the eye, and an easy smile
You have to be trusted by the people that you lie to
So that when they turn their backs on you
You'll get the chance to put the knife in.

You gotta keep one eye looking over your shoulder
You know it's going to get harder, and harder, and harder as you get older
And in the end you'll pack up, fly down south
Hide your head in the sand
Just another sad old man
All alone and dying of cancer at home.

And when you loose control, you'll reap the harvest that you'vesown
And as the fear grows, the bad blood slows and turns to stone
And it's too late to loose the weight you used to need to throwaround
So have a good drown, as you go down alone
Dragged down by the stone.

I gotta admit that I'm a little bit confused
Sometimes it seems to me as if I'm just being used
Gotta stay awake, gotta try and shake of this creeping malaise
If I don't stand my own ground, how can I find my way out of thismaze?

Deaf, dumb, and blind, you just keep on pretending
That everyone's expendable and no-one had a real friend
And it seems to you the thing to do would be to isolate the winner
And everything's done under the sun
And you believe at heart, everyone's a killer.

Who was born ina house full of pain
Who was trained not to spit in the fan
Who was told what to do by the man
Who was broken by trained personel
Who was fitted with colar and chain
Who was givven a pat on the back
Who was breaking away from the pack
Who was only a stranger at home
Who was ground down in the end
Who was found dead on the phone
Who was dragged down by the stone

Who was dragged down by the stone

Tired of me

Depois de ser enxovalhada por um milhão de perguntas por telefone pela médica do plano de saúde (e ficar me perguntando por que diabos se preenche um formulário se se tem de responder tudo de novo depois).
Depois dum dia de cão, reunião até as seis da tarde, calor abafado digno do paralelo 30.
Depois da crise de choro vendo um menino triste na tevê porque a escola dele estava fechada e ele queria estudar, queria ir pra Marinha, tinha um sonho a realizar, seguido pela matéria sobre Picada Café.
Depois dum choque de realidade que eu precisava tomar, e de me dar conta que eu só estava num momento fora de mim.
Depois de andar de moto pela primeira vez no Rio e queimar a perna na porcaria do cano de descarga.
Acordo sozinha em casa, sozinha de mim, sozinha de tudo, com aquela taquicardia de leve, precisando comer e sem nenhum apetite, nenhum paladar, nenhuma vontade nem pra levantar.
Acordo cedo. Ligo a tevê pra que seja trilha sonora do meu sono parte 2, 3, 4. Sono ruim. Confuso. Agitado.
Levanto. Descubro que fui citada num mailing para milhares de pessoas. E dou de cara com um daqueles textos arrasadores. O de hoje é da Tati Bernardi, cujo excerto transcrevo:

"Não tenha medo desse texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. E de eu ser assim e falar tudo na lata. E de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. E de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. E de eu ter ido dormir com dor na alma o final de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. E desse meu agora ser do tamanho do mundo.
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Ta guardado. O da canga e de todo o resto.
Talvez você pense que não merece esse texto. Há quanto tempo mesmo você me conhece? Algumas horas? Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim as sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça."

Sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que não acredito mais em você

Ah, que confusão.

Friday, March 16, 2007

Detalhes

Não adianta: são os detalhes que fazem tudo.
Eu poderia falar dos detalhes tão pequenos do sumário do meu trabalho que me arrebentaram, mas prefiro falar de coisas melhores.
Prefiro falar daqueles pequenos detalhes que a gente custa a se dar conta, mas estão lá.
É um ângulo qualquer, visto de costas, se secando ao sair do banho.
O jeito de usar o boné virado pra trás.
A mecha que cai de lado na testa, fugindo do cabelo meio preso.
Um meio-sorriso, um jeito de olhar. Uma mentira deslavada ao telefone para justificar o encontro.
O telefone que toca e é só a música favorita do outro lado.
Um caminhar. Um mover-se.
Uma frase, às vezes uma palavra.
É tão pouco mas é tudo.

Don´t despair

O saber pesa.
O meu, em forma de texto de qualificação, pesa exatamente 468 gramas.
Quase meio quilo de puro blá-blá-blá.
Depois não sabem porque quanto maior o grau de instrução da mulher, maior a probabilidade dela ser solteira.
Primeiro porque quem carrega seis cópias de meio quilo cada não precisa de ninguém pra ajudar com as compras.
Segundo porque uma pessoa que escreve meio quilo de papel (fora o que ficou de fora, foi deletado, etc.) provavelmente sabe o que são prolegômenos, onde fica a Geodésia, que fim levou o Robin e essas coisas todas que assustam um ser humano de nível cultural inferior.
Mas garotas, não se desesperem. É só fazer de conta que é meio quilo de blá-blá-blá mesmo. Ignorem os anos a fio lendo e ruminando pra escrever aquilo tudo e aí fica fácil: qualquer sujeito que aparecer com flores, vai ser o maior impulse.

Thursday, March 15, 2007

It's a sin

(que fazer? usar o nome da música em outro post, oras)
Pela primeira vez em sei lá eu quantos anos, a balança parou abaixo de 60kg.
Nesse exato momento, tenho fome mas NENHUMA vontade de comer. Nem McDonald's, que costuma ser um santo remédio pras minhas inapetências, anda me inspirando.
Todos os gostos me parecem enjoados. Pizza, lasanha, carne, xis tudo, nada nada. Doce então, nem pensar.
Alguma idéia?

Always on my mind

Sim, Pet Shop Boys é tudo. Embora o som estivesse quase tão baixo quanto o do meu computador, o show é tudo. Animado, bem produzido, lindo.
E eu fico atualmente dividida entre duas músicas: Always on my mind e It's a sin. As duas me são muito representativas. Que fazer?

Wednesday, March 14, 2007

Amor e sexo

Pois então estava eu cá com meus botões divagando sobre acontecimentos recentes dos quais tomei conhecimento. Depois de muito debate que em nada acrescentou às minhas convicções, a conclusão foi a seguinte: esse negócio de amizade colorida não existe. É virtualmente impossível ser amiguinha de um sujeito que te desperta algo além de um sentimento fraternal, no máximo aquela vontade de apertar as bochechas diante de alguma fofice. A não ser, é claro, que o algo além seja mantido no mais absoluto sigilo, inconfessável, nem diante de Jack Bauer.
O chato do Jabor estava certo ao decantar as incongruências do amor e do sexo. Reparem: é uma dicotomia, amor x sexo. Notem que não se fala em amizade aqui. Porque a amizade é o que sobra do amor sem sexo. E o contrário, segundo ele, é vontade e só.
Nada contra nenhum dos dois, muito pelo contrário. Eu e muitas outras mulheres somos prova viva de que pode haver amizade verdadeira entre homens e mulheres sem nada mais, com direito a cumplicidades - e a certeza de que se a gente disser alguma coisa mais forte não vai chocar algum ouvido mais pudico.
Mas parece que alguns homens estão com dificuldades de resolver em qual dos pólos querem se situar. E, na dúvida, acabam confundindo todo o resto. Tratam relações meramente movidas pelo desejo com a intimidade de quem troca confidências, visita a família, toma sorvete no fim de tarde. Ou escondem a sua real vontade de trocar confidências, conhecer os familiares e ir passear com o cachorro por trás dum véu de paganismo sexual, para continuar usando os termos do chato supra citado.
A mistura de afeto e tesão nem sempre dá certo, se não for bem esclarecida. Ouvidos femininos ficam, sim, impressionados com interpretações musicais pelo telefone. As costas da gente sentem os dedos passeando pelas vértebras, assim, como quem não quer nada enquanto faz um carinho meio de passagem. E sim, se esse negócio não for bem esclarecido, o sofrimento é exatamente igual, como se houvesse um relacionamento estabelecido, com a diferença de que se antecipa o sofrimento para durante: a eterna angústia do não saber onde é que se está pisando. Um passo em falso e pof, já era.
Não creio que as mulheres hoje em dia tenham medo de relações puramente sexuais - desde que isso esteja claro. E que não sejam tratadas de maneira diferente. Se é só sexo, ótimo. Que a relação seja só isso mesmo. Me lembro do casal que Anthony Edwards e Madeleine Stowe fazem em "Corações Apaixonados": ele pastor, ela casada. Ele quer algo mais, e ela diz a ele que não há algo mais além daquilo, da cama, dos encontros fortuitos. Não sabem nada da vida um do outro. E eu acho isso bastante saudável na medida em que preserva as pessoas de dúvidas e expectativas. Doçura também machuca, se usada sem cautela.

Until it sleeps

Deu no Globo de hoje:
"Mulheres que não dormem bem realmente ficam cansadas demais para fazer exercício, comer de forma adequada ou fazer sexo".
Agora dá pra entender por que é que eu estou tão magra, gente? Parei de caminhar e só faço uma refeição decente por dia - quando tenho fome pra tanto. Quanto ao sexo... bem, não vamos entrar nesses detalhes, né?
Fiquei preocupada porque hoje três pessoas - e uma delas via internet - me acharam magra.
Esses dias ouvi um "magérrima" com a mais elogiosa das intenções.
E eu não me acho tão magra assim. Preciso passar numa farmácia com balança pra ver se não é ilusão de ótica. Senão... biotônico fontoura. Se bem que um endócrino dava conta do recado.

Tuesday, March 13, 2007

I want you now


Precisa explicação? Não, né?

Please don't let me be misunderstood

Carpinejar, sempre ele. Enquanto isso, queimo a mufa pensando, arquitetando planos diabólicos com coelhinhos da Mônica, porcomóveis e Jack Daniel's.

Desistência?

Não recrimino quando uma amiga me diz que largará o marido ou o namorado, que ele tem feito somente mal, que não suporta seu egoísmo e seu descaso, e na semana seguinte faz as pazes com ele e todos os meus conselhos são virados de lado como rascunho para anotar telefone. Não recrimino nada quando é amor.
Não recrimino por que entendo que ao lamentar "tudo está terminado!", ela está somente começando a terminar. Nem de longe é uma conclusão, talvez seja uma descrença.
Não recrimino quando ela me observa com compaixão e confessa que teve uma recaída com ele, que não foi tão bom assim, quando sei que foi o suficiente para ela deixar - durante um mês - mais um botão aberto de sua blusa.
Não recrimino suas reincidências - o corpo tem lembranças próprias.
Não recrimino quando ela chega aos lugares que freqüentava com ele e jura que o esqueceu. Jura que foi lá se divertir com os amigos, mas escolhe a mesa de frente à porta, para imaginá-lo entrando com alguma roupa que ela deu de presente.
Não recrimino quando declara que ele é passado quando não vê futuro.
Não recrimino quando ela escolhe a lingerie, se prepara no salão, fica ainda mais bonita, para despistar o abrigo que veste por dentro.
Não recrimino sua mudança de opinião, sua facilidade de trafegar entre a depressão e a euforia.
Não recrimino quando ela é seca nas mensagens, mas demora imensamente entre uma letra e outra.
Não recrimino sua compulsão em contar a mesma história do início do relacionamento, de fazer as mesmas perguntas para ter as mesmas respostas, de me usar para não sentir tão sozinha em sua solidão.
Não recrimino porque já fui separado, já fui solteiro, já fui casado, já fui o que não quis ser, já doeu uma alegria, já gargalhei uma dor.
Não recrimino quando uma mulher se aproxima dos amigos do ex, somente para continuar falando dele. Não vou arrancar dela a necessidade de reconstituir o seu cheiro.
Não recrimino a loucura de esperar uma ligação e culpar os que ligam pelo simples fato de não serem ele e ainda ocupar a linha.
Não recrimino o choro, o chocolate, a falta de vontade, as palavras que não se formam a tempo de virar palavras.
Não recrimino. Sei que desistir é ainda aguardar, que separar-se não é abandonar quem amamos.

Monday, March 12, 2007

Meu coração não suporta mais

Realmente. Se eu não tiver um ataque cardíaco nos próximos dias, não há de ser nada.
Meu coração não suporta mais se sentir enganado, traído, esculhambado, sugado, passado pra trás.
Minha cabeça não suporta mais pensar, pensar e pensar, a rodar infinitamente sobre os mesmos velhos temas, seguindo sempre as mesmas cartilhas sem saber exatamente onde é que vai dar essa porcaria toda.
Eu não aguento mais joguinhos, trapaças e nenhum cano fumegante.
Eu nem consigo mais escrever.
Eu não quero mais dormir ouvindo o Bom Dia RJ. Não quero mais descobrir qual é a programação da Globo da madrugada de domingo assistindo. Não quero mais perder o sono pensando em nada de nada.
Quero virar uma dondoca. Não quero mais estudar. Quero ser burra e feliz. Quero me contentar em ver a novela das oito, depois o big brother e queimar uma carne na laje domingo, tomando uma cerveja vagabunda. Não. Quero comer sushi na beira da piscina no domingo, tomando prosecco.
EU NÃO AGUENTO MAIS. ESTOU CANSADA E MUITO SOZINHA E MEU PEITO DÓI.
Será que dá pras pessoas serem de verdade uma vez que seja?

Friday, March 09, 2007

Erotica

Por algum motivo que ainda não descobri exatamente qual é - talvez eu tenha cara de depravada, ou algo assim, já que os livros são pré-selecionados e distribuídos - trabalhei numa PENCA ENORME de livros eróticos nos últimos tempos. Só faltou o Kama Sutra e seus derivados, cujo último exemplar que chegou na classificação foi um colega quem fez. Casualmente, o mesmo que fez um livro do Bayard (aquele médico) que discorria sobre a vida sexual dos gaúchos, em inglês. Espetáculo.
Mas nos meus títulos estão pérolas como as da coleção da Devassa ("Eu sou uma lésbica", da clássica Cassandra Rios, "Patty Diphusa" do Almodóvar e mais um outro que não lembro), dois da coleção DeGustar que são de literatura erótica italiana dos séculos XV e XVI (um deles se chama "Pornógrafos"), alguns de poesia erótica (e nem todos são bons) e por aí vai. Até um de poesia grega moderna cujo autor era gay - Kaváfis - andei trabalhando. E esse não era erótico, só que todo gay acaba se entregando no que escreve - e esse sujeito, benzadeus, escrevia com uma suavidade impressionante.
Só hoje acho que fiz uns cinco ou seis. A pérola do humor de hoje se chamava "O dia em que resolvi me casar com uma puta", ou algo do estilo. Mas o melhor era de um sujeito chamado Jobert de Melo, e era só de haicais. Confesso que rateei e não anotei o título, mas os meus haicais favoritos sim:

teu rubro perfume
penetra-me mais ao fundo
do que eu a ti.

de cima dos saltos
agulha, ela sonhava
com um par de tênis

de adeus em adeus
fez uma longa escada
para a solidão

O inferno vai ter que esperar

O que está escrito no mármore da entrada principal do inferno não é "bem" nem "mal".
São quatro palavras, que querem dizer o seguinte:
"Às vezes dá merda", amigo.
"Às vezes dá merda"!

Todd McFarlane é que sabia das coisas.
E eu já estou avistando o pórtico de mármore, logo ali. Às vezes dá merda, e no meu caso parece que deu.
Ai meu saco.
Eu só queria entender por que diabos as roupas e as armas de Jorge (putz) nunca funcionam. Pelo menos no meu caso. Quanto mais armada e blindada, mais cagada dá. Da última vez, pelo menos eu contava com mil e quinhentos quilômetros pra me apaziguar. E agora?
Preciso de opiniões a respeito do caso. Quem quiser colaborar, amiguinhos, por favor me contate pelo msn.

Baba

Catálogo imperdível da exposição sobre o Chico que esteve na BN em 2004: eu tenho, vocês não têm.

Thursday, March 08, 2007

Free as a bird

Tsch.
O barulhinho da latinha aberta anuncia: acabei o diabo do texto de qualificação.
What a feeling. Livre, por pelo menos algumas horas. Livre pra dormir sem pensar no que ler ou fazer amanhã, com urgência urgentíssima, sem falta. Não quero nem ver quando for o definitivo. Acho que vou pra um hotel com banheira passar umas horas lá mofando.
O pior é que o corpo relaxa e aí parece um saco de areia. Os pés doem, o pescoço dói. Não vai dar nem pra atender ao convite pra Matriz hoje. Minha cama está irresistível.

Rehab

Nada como a arte de procrastinar. Às vésperas de qualificar meu projeto, o que está dependendo exclusivamente de eu cumprir uma tarefa simples como revisar o dito cujo e enviá-lo, cá estou procrastinando. As usual, btw.

***
Reproduzo ipsis literis, e espero que com a anuência da autora. Se ela topar, depois eu conto quem é. E é só isso.

Hoje é o dia Internacional da Mulher... E fiquei pensando no que isso significava para mim. Bom, a princípio nada porque me ligo só em algumas dessas datas como dia das mães e dependendo da situação dia dos namorados mas sabendo que hoje alguém ia chegar e dizer "parabéns!", parei para olhar melhor a minha lataria no espelho. Olhar melhor sim porque não costumo ficar me admirando atentamente porque a lista de problemas cresce consideravelmente toda a vez que resolvo fazer isso. Sem falar naqueles buracos novos no rosto porque me empolgo com aquele condomînio de cravos e espinhas que só uma balzaquiana quase loba insiste em ter para preservar uma mocidade de mentira. E para meu espanto (também encenado porque eu já sabia o que viria pela frente), descobri através do espelho que quando eu estiver fazendo a mesma coisa no dia internacional da mulher daqui há mais quinze anos vou estar olhando para um buldogue... Isso mesmo, as bochechas e a boca já estão começando a despencar e com mais quinze anos sinceramente vou ficar parecendo arte contemporânea: difícil saber onde começa e onde termina. Por isso deixo aqui o meu abraço e a minha admiração àquelas mulheres "ao quadrado" que além da difícil tarefa de "ser mulher" todos os dias, ainda tem que conviver com as torturas da inquisição moderna num salão de cabeleireiro ou num instituto de depilação, dirigir uma casa, filhos e agregados (e isso inclui matar baratas voadoras porque os homens dificilmente fazem isso) Ufa!

Scent of a woman

Não me lembro se já comentei aqui que ando numa fase meio alquimista, deveras interessada em perfumes. O problema é que o meu bolso não acompanha esse interesse, então estou ainda em stand by pra ver quem é que ganha a batalha.
Mas aí ocorre que eu caio na Renner. E aí é que a porcaria começa. Porque eu saí do balcão da perfumaria com CINCO amostras de perfumes. E ganhei mais uma de um mocinho simpático. Aí vai:
Loulou: a porcaria do perfume tem o meu nome e tudo o que eu odeio em perfumes. NADA pode ser pior. Quer dizer, pior, pode. Mas mais doce, impossível. Taco a taco com o hors concours Poison. Decepcionante.
Lovely: alguém por favor me dê esse perfume de presente? Thank you. Minha porção Sarah Jessica Parker NECESSITA deste perfume. E minha intuição estava absolutamente correta. Love at first sight.
Joop!: o masculino, evidentemente. Eu tinha uma lembrança melhor dele, sabe? Sei lá. Vai ver que no papelzinho muda muito...
Boss Intense: ave. Sério candidato.
O outro eu não me lembro o nome. Mas era bom.
E tem a grande ausência da noite... Minotaure. Eu sei que saiu de linha, mas se alguém tiver, por favor faça essa doação para uma criança carente: eu.
Tem também o CK One, que foi o presente do mocinho simpático pero lambidinho demais da Renner. Esse eu vou testar amanhã, depois que desintoxicar o nariz.

Tuesday, March 06, 2007

Don't lie

Sorte de hoje:
Você é uma pessoa culta.

Não diga.

Girl, you'll be a woman soon

Ao contrário do que prega a Bruna, eu acho que nem sempre é bom integrar o Clã das Baixas Expectativas. E explico: se a expectativa é baixa e o que vem é surpreendente, o efeito é o mesmo do inverso. A gente fica perdido, sem saber o que fazer, num mato sem cachorro, desesperado.
Está acontecendo comigo.
A expectativa foi baixa e a cada dia eu me surpreendo. E agora, José?

Paixão

Uma justa homenagem.

Amo tua voz e tua cor
E teu jeito de fazer amor
Revirando os olhos e o tapete
Suspirando em falsete
Coisas que eu nem sei contar
Ser feliz é tudo que se quer
Ah! Esse maldito fecho eclair
De repente a gente rasga a roupa
E uma febre muito louca
Faz o corpo arrepiar
Depois do terceiro ou quarto copo
Tudo que vier eu topo
Tudo que vier, vem bem
Quando bebo perco o juízo
Não me responsabilizo
Nem por mim, nem por ninguém

Não quero ficar na tua vida
Como uma paixão mal resolvida
Dessas que a gente tem ciúme
E se encharca de perfume
Faz que tenta se matar
Vou ficar até o fim do dia
Decorando tua geografia
E essa aventura em carne e osso
Deixa marcas no pescoço
Faz a gente levitar
Tens um não sei que de paraíso
E o corpo mais preciso
Do que o mais lindo dos mortais
Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já tocou

Summer of '69

Disparado a melhor música do show do Bryan Adams.
Tá. Eu confesso: fui de má vontade. Fiquei meio puta com aquela piadinha sem-graça que ele largou em Porto Alegre. Nada que uma piadinha sobre a distância do quelque-chose hall até o centro (Is this Rio? Are you sure?) não desmontasse.
Mas eu continuo achando que ele demora um pouco pra se empolgar e que o guitarrista está deslocado. Ele ficaria melhor no Kiss, ou em outra banda mais performática. Aquele lance de ficar girando a guitarra e fazendo mergulhinhos é coisa de guitar hero, não de guitarrista solo do Bryan Adams.
O iluminador bebeu e esqueceu como é que se usa uma cartela de cores, e fez todo o show em monotons. Pobre, pobre.
O tecladista é um talento perdido. Em várias músicas senti falta do piano aparecendo mais.
Mas eu também tô meio velha pra ficar me esgueirando entre casais e periquitas histéricas que pulam sem parar, então me dêem um desconto.
O show é bom, rapaziada. O sujeito é legal e simpático, toca bem, canta bem. E é sempre uma sensação boa a gente ouvir ao vivo as trilhas sonoras dos nossos filmes favoritos.
E pra encerrar com chave de ouro, entro na van e está tocando Kleiton e Kledir. Paixão. Belíssima.

Sunday, March 04, 2007

Garotos

Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu, sempre tão espertos
Perto de uma mulher são só garotos

Leoni é o cara.
E eu que custei tanto a me achar uma mulher. Ficava sempre protelando, continuava me achando uma guria. E só agora eu me dou conta de que sou mulher desde que nasci, parece.
Quer dizer, em alguns sentidos.
Em outros, ainda sou filhotinho de Simone de Beauvoir, tornando-me.
Mas os garotos, ah... esses são sempre garotos.
Sempre fazendo merda. Enfiando os pés pelas mãos. Exibindo conquistas como se fossem troféus, ignorando o fato de que somos mulheres e não bonequinhos do Oscar pra pôr na estante. Comentando intimidades quando o que estão fazendo mesmo é demonstrando todo o seu potencial de covardia latente.
Graças àquele a quem sempre agradeço, aquele de braços sempre abertos que olha por mim por cima do morro, eu fico sabendo das coisas depois de tê-las digerido o suficiente para não me surpreender, não me indignar, não retomar discussões antigas, não reabrir feridas.
E de resto, o tempo passa e nem tudo fica. Algumas coisas, sim. Ainda bem. Mas essas são coisas de mulheres, e não de garotos.

There's a party

A despeito do baixo quórum em alguns dos eventos da semana e de algumas tragédias aqui já relatadas, minha sensação é de que a semana toda foi uma festa. E culminou com o melhor de tudo: QUINZE horas de sono. Obrigadinha.

***
Sabe quando a gente está vendo a corda apertando e não faz nada só pra ver no que vai dar?
Pois é.
Vamos ver se eu descubro mais uma surpresa chocante.

Saturday, March 03, 2007

Eclipse

Tudibom, né?
Lindo. E eu sempre aproveito pra conhecer lugares onde ainda não fui. O Arpoador, por exemplo.
Eu sei que é uma vergonha, eu moro a dez minutinhos a pé, nem isso. Mas não tinha ido ainda. Lindo, lindo.
Como se fosse um aquece pro show do final do mês.

Wrong

Corrigindo.
A tal senhorinha não foi atropelada, nem assaltada.
Se jogou do prédio e caiu no meio da rua.
Fiquei revivendo meu primeiro capítulo de livro predileto: "O Resto é Silêncio", do Erico Verissimo.
Se não fosse um tanto longo, eu transcreveria aqui. Mas ele fala sobre uma jovem que se joga do décimo terceiro andar dum edifício na Rua da Praia, na hora mais bela do outono portoalegrense.

Friday, March 02, 2007

Some unholy war

Fazia tempo que eu não achava um título tão versátil como este, que vai servir para dois dos comentários do dia.

O primeiro:
preciso tirar meu site do ar com urgência. Por quê?
Porque eu simplesmente não tenho mais paciência pra algumas coisas.
Por exemplo, para os genealogistas de plantão que estão procurando seus descendentes - isso quando eles conseguem escrever "descendentes" sem assassinar nenhuma regra gramatical.
Um dia ainda vou responder para um deles dizendo que vá a um vidente qualquer, porque isso aqui não trata do futuro, filho, mas do passado. E, a respeito, hoje achei a mais bela citação, que resume tudo o que penso sobre o assunto desde que comecei a pesquisar:
"Parece-me poético saber aonde estava o meu sangue por estes velhos séculos, e em meio aos acontecimentos que dia a dia vão urdindo a história humana, onde se situaram esses antepassados que não previam os seus descendentes, como nós não prevemos os nossos".
Lindo, curto e grosso. É Cecilia Meireles.
Ou seja: desistam, caras. Se querem listas de nomes e datas, me esqueçam.

***
O segundo:
Comecei o dia disposta a dar o melhor de mim para que ele fosse digno da comemoração.
Hoje faz um ano que aportei por estas areias (e eu que ia dizer estes pagos, tsc tsc tsc).
Mas aí eu tô indo trabalhar, numa sexta-feira quente e comum de março, igualzinho a dois de março de dois mil e seis. Vejo pela janela do ônibus uma senhora fazendo uns gestos muito típicos na calçada. Era aquele pôr a mão no peito, como se estivesse passando mal, e a cara de consternação. E ela comentava alguma coisa com a moça que a acompanhava. E aí virou para a sua direita - ou seja, para a minha frente.
E aí eu também virei, dentro do ônibus, e vi.
Primeiro, a confusão. Aquele monte de gente parada, gente saindo se abanando, muitas outras senhoras com a mão no peito, como uma contrição coletiva.
Depois, a clareira no meio do povo. Uma bicicleta parada ao lado de um corpo estendido no chão. Mas estendido mesmo. Era uma senhorinha e eu, vendo o corpo daquele jeito, pensei que deviam estar esperando o atendimento.
Mas foi quando o ônibus passou que eu REALMENTE entendi.
Dizem que ela gritou antes do ônibus passar e ela cair, ou a ordem inversa disso. Duvido que tenha sido tiro, como alguns disseram.
Mas aquela cabeça pendida, os olhos mortiços e a poça da cor das minhas unhas não deixavam dúvidas. Ela não estava mais lá pra contar o que tinha acontecido de verdade.
É. Até que demorou pra eu ver algo assim por estas bandas. Feliz aniversário.

Ou, na versão curta e grossa:
Querido blog,
Hoje eu vi meu primeiro carioca morto nessa cidade de bárbaros, onde o suposto ônibus que atropela foge sem prestar assistência. Envelheço na cidade.

Thursday, March 01, 2007

Águas de março

Cadê?

***
O susto. O caminhão, o freio inútil. A reviravolta.
Preso, imóvel, assustado, zonzo, ele tenta alcançá-la. Estende a mão enquanto o rosto dela está impassível. Ela parece continuar dormindo. Ele chama, e ela não atende. Permanece encostada no vidro do carro estraçalhado.
Ele só soube que ela não dormia dias depois. E nunca tinha contado essa história.
Faz exatamente um ano que ele a contou pela primeira vez. E eu estava lá pra ouvir.

***
O Rio de Janeiro continua lindo e um ano mais velho. Bem que podia ter sido feriado hoje...

***
Home alone again.
Eu adoro hóspedes, mas também gosto de poder ocupar meu sofá com esmaltes e porcarias, ouvindo musiquinha baixinho, lutando contra o soninho bom de uma semana inteira de diversão.
Agora é trabalho, trabalho, trabalho. Te vira, nêga. Agora é azeitar o texto final enquanto a maratona de shows começa na segunda-feira.
Fora a obrigatória comemoração de amanhã, que amanhã comentarei.