Thursday, November 30, 2006

Eu sou do Sul

Deveria eu me sentir de que jeito ao ouvir "nunca pensei que uma gaúcha pudesse ser tão legal"?
Pessoas alimentam estereótipos. O nosso, além de ser o povo do frio, que não pode se espantar com chuva, é o de sermos arrogantes, retraídos, desconfiados.
Mas às vezes, como eu ouvi hoje, eu sou tão carioca, tão light nas coisas, que nem pareço gaúcha. Ora bolas.
O que pensar, como agir, o que fazer com isso?
Nada, oras. I am what I am. Aqui, além de ser arrogante, retraída (mas tão discreta nisso que ninguém nota) e desconfiada, sou elegante e exótica, quase nórdica num mundo de mediterrâneos, pardos e negros; olhos de menta no mar de mel e castanha; cabelos vermelhos, lisos e curtos faiscando na multidão de longos alisados ou crespos aplicados, escuros ou clareados.
É. Eu sou do Sul. É só olhar e ver que eu sou do Sul.

O' Tannenbaum

Ah é, e também ia me esquecendo de dizer o seguinte:
Papai Noel existe e ouve o que a gente pensa e fala durante todo o ano.
Eu, que estava meio borocoxô de não ter as minhas coisinhas de Natal e uma árvore pra montar, fui premiada com a oportunidade de montar três árvores neste ano. Quatro, se contar a minha mini-micro de mesinha. A minha daqui de casa, obviamente, é a mais linda de todas. Toda prateada. Tem o bambizinho vesgo e um fio de estrelas. Mas as outras duas também foram de coração.

I hear you call

Embora a propaganda em torno da Oi FM seja realmente muito boa, não consigo desgrudar da Paradiso. Será que a Oi ia me acordar com Bliss?

***
Ontem foi um dia tão comprido que não tive muito saco de sentar e homenagear os meus aniversariantes do dia: Bruno Garcia, meu canastra favorito, e Kely, devidamente homenageada sem cebolas do Outback.
Agora, homenagem boa mesmo ia ser descobrir que diabos passa com meu drive de CD.

Tuesday, November 28, 2006

That's just the way it is

A pessoa acorda depois duma noite maldormida (mas dormida, o que já é um evento) ao som duns acordes de piano que ela adora mas não sabe de quem são.
Ao invés de ir tomar café com coisas que não vão passar na sua garganta adoentada, ela liga o computador e digita no buscador um pedaço da letra que ela acabou de ouvir.
Troca de software, acha um servidor bacaninha e põe pra baixar a música.
E em três minutos se tem mais uma das favoritas-pero-nunca-achadas em casa.
Sinal de que a segunda-feira já passou.
E com a terça feira inaugura-se a série 400 dos posts.

Monday, November 27, 2006

Peach

Frase da semana que eu ia me esquecendo de compartilhar:
"Eu queria bater com a cabeça na parede. Mas eu sou uma puta trabalhando. You pay, we play."
(De um DJ desesperado porque foi obrigado a tocar uma hora e meia de funk num 15 anos)

I don't like mondays

Me expliquem, me expliquem por que é que eu odeio as segundas-feiras.
Será que é porque nas segundas que começa a semana?
E as minhas fases críticas do mês?
Será que é porque eu geralmente durmo mal de domingo pra segunda - isso quando eu durmo, o que não foi o caso desta noite?
Será que é porque nesta segunda-feira do cão resolvi ir ao médico diagnosticar uma amigdalite bacteriana agudíssima? Que me fez quase pegar fogo, aos quase 39 de febre, dor no corpo, desejo absoluto de se jogar no chão?
Isso tudo depois de atender o telefone às quatro e meia da manhã e era um filha da puta a cobrar tentando me dar o golpe do sequestro?
Será que é porque eu cheguei em casa e a cama está por fazer e eu não tenho a menor condição física de empreender tal tarefa?
Será que é porque meu cardápio da janta vai ser papinha de nenê (não me matem. foi a única coisa que me veio à mente, porque estou sem comer desde o meio-dia. nada passa)?
Nah. Eu estou absolutamente convencida de que é porque sou prima irmã do Garfield.
E nada disso aí em cima teria a menor importância se houvesse papinha sabor lasanha.

Sunday, November 26, 2006

I am what I am

Bibliotecárias são mulheres graduadas em Biblioteconomia. São responsáveis pelas bibliotecas e por tudo o que acontece nelas, inclusive pela baba que os usuários deixam cair sobre os livros, quando estas passam. Disseminam beleza, mas sua principal atribuição é processar informações que recebe, no formato de cantadas. Bibliotecária é uma profissional interdisciplinar, pois atrai olhares de profissionais de todos os campos do conhecimento. É seu dever disponibilizar todas as informações solicitadas pelo usuário, tais como telefone, estado civil, etc, principalmente se o usuário for um colega bibliotecário. Fornece elementos vitais para o desenvolvimento de fantasias no imaginário masculino.

(da comunidade "Bibliotecárias são quentes")

Merry Xmas

Me adiantei um diazinho no Advento, mas não pude resistir à foto do meu amiguinho favorito dessa época.



E como ele está separado de mim por 1500 quilômetros, me manda tchauzinho pela web. Não é muito moderninho, esse pai natal?

Saturday, November 25, 2006

The show must go on

(parêntesis rápido 2 do dia: este blog não está no horário de verão.)

Ontem fez quinze anos da morte dele. Quando aconteceu, eu realmente não tinha grandes alcances musicais e/ou experienciais pra gostar e entender a sua música. Mas hoje em dia - e hoje, em especial -, Freddie Mercury (que era africano, se chamava Farrokh Bulsara e tinha uma irmã chamada Kashimira) é mais do que necessário. Alguém discorda?

Empty spaces - what are we living for
Abandoned places - I guess we know the score
On and on, does anybody know what we are looking for...
Another hero, another mindless crime
Behind the curtain, in the pantomime
Hold the line, does anybody want to take it anymore
The show must go on,
The show must go on
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on.
Whatever happens, Ill leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
On and on, does anybody know what we are living for?
I guess Im learning, I must be warmer now
Ill soon be turning, round the corner now
Outside the dawn is breaking
But inside in the dark Im aching to be free
The show must go on
The show must go on
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on
My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly - my friends
The show must go on
The show must go on
Ill face it with a grin
Im never giving in
On - with the show -
Ill top the bill, Ill overkill
I have to find the will to carry on
On with the -
On with the show -
The show must go on...

Stupid girl

Quando eu era só um projeto de gente entrando nas filas para ter atributos na existência humana, Deus viu que uma vez só na fila da retardadice não seria suficiente e me fez entrar mais umas quatorze ou quinze vezes.



Sabem o que é isso manchando o meu pé?
TINTA DE CABELO.
Além de já ser juquice escorrer, a debilóide aqui conseguiu NÃO VER QUE TINHA CAÍDO.
Resultado: descobri uma nova utilidade para a Koleston: além dos cabelos, unhas.
Suprema.

Ezequiel 25:17

Me parece muito apropriado. :)

The path of the righteous man is beset on all sides by the inequities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he, who in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of darkness, for he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who would attempt to poison and destroy my brothers. And you will know my name is the Lord when I lay my vengeance upon thee.

War

(parêntesis rápido.
acabo de tomar a pior coisa do ano. própolis.
fui na onda daquelas malucas e mandei ver o troço direto na garganta. tossi, esbravejei, quase vomitei. a coisa é tão forte que praticamente anestesiou minha garganta. bueno, se curar, meno male)

Perguntinha rápida: o que é que uma menina que sabe que vai ter um dia cheio no sábado faz às cinco da manhã na pista de dança?
Resposta: Espera o DJ tocar Talk Talk, mais um dos ineditismos que só o privilégio de ser a queridinha da casa consegue.
E aguardem para breve Edwin Collins.

***
Estou derretendo.
Depois de dormir duas horas e um pouquinho, fui para a guerra do Saara.
E obviamente passei mal o protetor solar e dei uma sapecada de leve nas costas. Nada que um Neutrogena heavy metal não dê conta. Mas, cacete, que calor dos infernos faz naquele lugar.
Quanta gente é capaz de ir às compras de Natal num sábado só?
Quantas árvores de natal medonhamente feias são produzidas e vendidas num mesmo perímetro urbano?
Quão redentor pode ser um ar condicionado?
Quão feliz é capaz de ficar uma criança com uma árvore de natal nova? Com bolas, festão e um bambizinho vesgo? E com um pacote de balas de coco? E com uma kafta bem feita e uma garrafa de água mineral?
Resultado do pós-guerra: entre mortos e feridos, vim pra casa fazer qualquer atividade aquática. Já lavei a louça e a roupa me aguarda.

Friday, November 24, 2006

Sad but true

Tô ficando especialista em comentar Manoel Carlos.
Agorinha mesmo vi uma cena de uns bons cinco minutos falando sobre a Confeitaria Colombo - e em todas as colocações dele preciso concordar totalmente. A Colombo é um dos lugares obrigatórios deste Rio de Janeiro que repousa na Guanabara.
Mas o que me prendeu a atenção foi uma frase que ouvi da boca da personagem e ouvi de minha própria boca um tempinho atrás. Inclusive estou aventando a possibilidade de estar com um olheiro em volta naquela manhã luminosa de domingo, sentado por perto, me ouvindo dizer "tem coisa mais prosaica do que café com leite"? Porque NINGUÉM MAIS na face da Terra usaria "prosaica", nem num diálogo da novela das oito. Ou usaria?
Enfim. No breve monólogo falando sobre uma tarde maravilhosa na Colombo, a Lilia Cabral ainda faz o favor de dizer uma verdade que anda me martelando os ombros há algum tempinho. Tudo que a gente quer é que alguém nos ouça, mesmo sem dizer nada.
Eu ouso tirar o "mesmo". Tudo que a gente quer é que alguém nos ouça sem dizer nada. Porque é inevitável. No dizer, a gente julga, opina, adverte, dá conselho. E normalmente não é nada disso que se quer ao falar: a gente só quer esvaziar, ouvir a própria voz pra ver se processa melhor. No máximo, um "hum, hum" de solidariedade. Um "eu sei", ou "entendo". E esse é um dos "problemas" da visão masculina das coisas: para eles, compartilhar é pedir uma solução.

***
Hoje achei, por breves momentos, que ia conseguir evoluir um pouco nos meus pensamentos germanísticos-dissertativos. Doce ilusão. Vencida pelo cansaço, deitei e dormi, embalada pela novelinha e pela sessão da tarde. E ainda estou pensando se esse não vai ser o meu destino desta noite de sexta-feira.

Thursday, November 23, 2006

Balluchiterium

Pra ver o que o desequilíbrio psíquico-emocional faz com a pessoa.
Me peguei chorando à simples aparição do Tarcísio Meira na novela das oito.
Tudo bem que era a aparição de um pai sumido numa surpresa pra filha e essas coisas sempre me pegam pelo calcanhar. Mas daí a verter águas pelos olhos já é um pouco demais.

***
Preciso de uma garganta nova, de um cérebro novo, de um coração novo. O resto dá pra aguentar. Até mesmo esse fígado guerreiro suporta mais um pouco de provações. Mas garganta, cabeça e coração, ah, meu filho, esses pedem reposição imediata.

Wednesday, November 22, 2006

What's a woman

Uma mulher é um ser que sai duma banca de revistas com um exemplar sobre Nietzsche e a educação e uma Nova na mesma sacola.

Scent of a woman

Já faz algum tempo que eu me encantei com o cheiro da verbena. Aquela coisa próxima do cidró e do chá verde, mas ao mesmo tempo mais doce, menos cítrica e igualmente refrescante. Aconteceu e eu nem me lembro onde foi exatamente. Deve ter sido em Porto Alegre.
E hoje eu finalmente fui lá e comprei esse cheiro de qualquer coisa boa pra minha casa.

E pra quem estava meio chateada pela falta de decorações de Natal... até que o Papai Noel foi bonzinho comigo. Me deu de presente montar uma árvore de 1,80m que está à esquerda do busto do D. João VI, lá na Av. Rio Branco, no entrelances da escada de tapetes vermelhos.

Tuesday, November 21, 2006

Fear of the dark

Depois do surto de quase-pânico de sábado, do domingo a fazer picas e da segunda num churras no Engenho Novo-pra-lá-do-Méier-eu-não-sei-onde-estive, comente-se.
1) The number of the beast on the dance floor. E a frase da noite: "viu? é por isso que a gente tem que ficar junto".
2) Três dias batendo a mais de cem estão me demolindo.
3) Hoje é passiflorine e tandrilax. Porque eu realmente não pretendo ficar mais uma noite olhando pro teto ou contando as rotações do ventilador.
4) Pelo amor de Deus. Eu PRECISO escrever.
5) PRECISO também mandar muita gente à merda. E muitas coisas também.

Ah, mas o churras vale um comentário mais extenso.
Era um churrasco-off. Reunião de dj's. A nata das pistas cariocas juntando equipamentos de fazer inveja a 90% das casas noturnas. Dois pratos, dois micros, vinis e boxes a três por quatro. Só faltou o Memê, que até onde me consta não se mistura muito.
Uma tarde inteira de música, carne, cerveja... e chimarrão. Sim. Porque eu levei o equipamento a pedidos e tive até que fazer um novo lá pelas tantas. O povo da mesa adorou o brinquedinho e tomou cinco litros d'água quente num calor de 30 graus à sombra. Nada como ser exótico e simpático. :)
E para terminar a noite, um risoto a piemontese com filé. Quer mais? Eu não. Ou melhor, quero. Mas deixa pra lá que querer demais dá dor de barriga.

50 Receitas

Como vai dar pra notar, eu liguei o foda-se.
E o Leoni ligou o synchronicity quando escreveu isso.

Eu respiro tentando encher os pulmões de vida
Mas ainda é dificil deixar qualquer luz entrar
Ainda sinto por dentro toda dor dessa ferida
Mas o pior é pensar que isso um dia vai cicatrizar
Eu queria manter cada corte em carne viva
A minha dor em eterna exposição
E sair nos jornais e na televisão
Só pra te enlouquecer até você me pedir perdão
Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer
E só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr
O que me dá raiva não é o que você fez de errado
Nem seus muitos defeitos, nem você ter me deixado
Nem seu jeito fútil de falar da vida alheia
Nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia
O que me dá raiva são as flores e os dias de sol
São os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós
São seus olhos e mãos e seu abraço protetor
É o que vai me faltar... O que fazer do meu amor?

Balada para Monk

Demorei quase um dia inteiro, mas entendi o que o raio do orkut quis dizer com aquilo.
TPM é foda.
A gente passa um dia maravilhoso com as ventoinhas a mil.
Eu só espero que tenha funcionado pro lado certo, dessa vez.

(Alguma coisa sempre te detém, um peso a mais e você fica mudo)
Então tá bem, busque além
no zen dos mantras de um homem de bem
como arrancar com mais velocidade dessas bocas uma verdade só
quem sabe à tarde um outro vem e diz?

Monday, November 20, 2006

The heart of the matter

Minha sorte de hoje diz que "O coração é mais sábio do que a razão".
Isso no exato momento em que estou numa pequena crise de sentimento de traição.
Ou seja: preparem-se, pessoas. Vou passar a deixar de lado algumas de vocês em nome da minha paz de espírito.

E se isso ajudar a passar essa taquicardia que tem me acompanhado nos últimos dias, melhor.

Sunday, November 19, 2006

2 Bicudos

Parte I
Tem artefatos que facilitam a vida da gente, e muito. Internet, por exemplo, nos poupa do trabalho de ter de ligar para saber onde as pessoas vão. A gente descobre tudo em meia dúzia de cliques.
Só não descobri ainda por que diabos me bateu essa uruca tão violenta desde ontem.
Olha, o que eu senti não desejo pra ninguém. A iminência de uma desgraça qualquer bateu no meu ombro ontem à noite e ficou me azucrinando, dando uma folga de leve para passar o começo da manhã e voltando com tudo depois. Dor no peito, taquicardia, suor frio.
Difícil foi ver que eu não era a única angustiada da noite ontem. Outra pessoa veio me dizer que estava com a nítida sensação de que tinha algo errado acontecendo. Ai, ai, ai.
APARECE DUMA VEZ.

Parte II
Eis que ando me sentindo a Dona Flor. E não, não é tão divertido quanto pode parecer à primeira vista. Principalmente porque os sujeitos se conhecem, literalmente, há décadas. Confio no acaso e na sorte. Vamos ver.

Parte III
Ele é tudo o que eu não quero pra mim.
Além das características físicas que desde que o mundo é mundo não são o meu tipo, o sujeito fuma desbragadamente, não sossega em casa um segundo sequer, é absolutamente incapaz de ser fiel a alguma coisa (qualquer coisa) por mais de cinco segundos e, dentre outras asneiras, não faz a menor idéia do que a expressão "Eminência Parda" queira dizer. Para meu total desespero.
Mas ainda assim, uma comissão formada por uma meia dúzia de pessoas e aumentando está convencida de que há que rolar alguma coisa.
Ontem ouvi o cúmulo: você é a mulher da vida dele! Vindo de quem passou a noite na minha casa, é algo preocupante.

By the way

Tati Bernardi, como sempre, mandando ver.

Triz.

Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente.
Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo.
Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente.
Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias.
Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho.
Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada.
Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: "Ei, não quer conhecer minha casa nova?" Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca.
Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro.
Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto.
O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.

Saturday, November 18, 2006

November rain

Tô bêbada de cheiro de chuva.
E o barulho? Ahhh...

Depois do dia cozinhante lá fora (30 graus com sensação de 36), e de uma pá de roupas lavadas enquanto o sol durava, cá estou sentadinha tentando fazer a cachola pegar no tranco quando o cheiro me pegou de jeito.
Acho que esse foi o problema da semana toda. Era TANTA chuva que já não tinha mais o cheiro.

I don't know how it happen
It all took place so quick
But all I can do is hand it to you
And your latest trick

Ligar ou não ligar? Eis a questão.

Ah sim... comentários sobre os estertores da novela. Vocês viram?
A BN apareceu ali... aquele "cinema" onde a vilãzinha de meia pataca entra é a uma quadra do meu trabalhinho! Aliás, vou olhar se tem cinema ali mesmo. É o melhor de morar aqui, eu acho. Dá pra explicar qualquer coisa pelas externas da Globo.

Mr. Sandman

O que quatorze horas de sono não fazem na vida da pessoa.
Sonhei de tudo nesta noite. Sonhei que estava trabalhando num empreendimento familiar com a maior cara de botequim de quintal e que uma mesa de três clientes (um homem, uma mulher e um menino) queria queijo ralado. E não achei o raio do queijo ralado.
Também saí catando um gatinho porque alguém, que não me vem à lembrança agora, queria um filhote de gato. E minha mãe achou um gatinho, ou melhor, uma gatinha que usava casaco branco de capuz e por baixo o pêlo era cor-de-rosa.
E também vi a Tati numa foto antiga duma festa de aniversário minha, da época em que ainda não nos conhecíamos. E ela estava usando uma fantasia de portuguesa.
É. Parece que preciso parar de tomar café preto.

Romance

"Ossatura, olhos e mistério. As pessoas pensam que as viúvas se vestem de preto e rejeitam os adornos para sinalizar sua renúncia do mundo, mas é o contrário. Estão se reapresentando ao mundo em estado puro, virgens de novo, disponíveis de novo. O preto é o branco das debutantes adaptado às circunstâncias."

"Sua religião é esta: tudo, no fim, é vaudeville. Um glorioso vaudeville. Se o Universo é um absurdo, mais razão para festinhas. Sem a festa, enlouqueceríamos."

Verissimo rulez.

Friday, November 17, 2006

Love will tear us apart

Everytime I see you falling, I get down on my knees and pray.
I'm waiting for the final moment, you'll say the words that I can't say.

Sim, eu vi. E foi MOOOOOOITO MASSA.

***
Tem coisas que só o Tony faz por você. Por exemplo, ter a casa dos meus sonhos. Quando eu puder, contrato o mesmo arquiteto.
Beber Jack disfarçado na caçulinha. O sujeito tem UMA CAIXA de Jack Daniel's. Já bebeu dezoito litros ao mês e ganhou um tour na destilaria.
Barilla com um molho espetaculoso feito na hora - às três da manhã, mais ou menos.
Aliás, vou abrir uma comunidade: eu atraio cozinheiros.

***
Mas como nem tudo são flores nesta vidinha maomenos, hoje o dia foi surreal. Eu simplesmente esqueci de acordar pra ir trabalhar, saí voando com aquela ressaca de lei, não tinha água em casa - e, portanto, não tomei sequer banho - e só me dei conta que saí sem sutiã quando já tava lá no Aterro. E escolhi uma blusa branca. Resultado: passei o dia de casaco. E com ressaca física, mental e emocional. Novembro, novembro, e o Saint-Exupéry batendo na minha porta. Eternamente responsável... uf.

Wednesday, November 15, 2006

Time after time

Se eu aprendi alguma coisa nos últimos cinco anos da minha vida, é que o mundo dá voltas.
Hoje, dez anos depois de ter começado a coleção e pelo menos cinco depois de ter começado a busca, vi pela primeira vez a série de seis números que me faltam do Sandman. Por algum motivo misterioso, parece que não há no mundo exemplares sobrando dos fascículos 40 a 46.
Mas como o mundo dá voltas, achei os benditos na casa do meu anjo da guarda. Se não é pra completar minha coleção - até porque ainda faltaria um maldito número - pelo menos é pra ver como as Vidas Breves começam.

Learning to live

Se eu, lá nos idos de 2001, não tivesse me desandado de Porto Alegre a São Paulo (minha primeira viagem de avião) em dois dias de pura excitação e deslumbramento pra conhecê-lo, e tivesse de fato conhecido, apertado a mão e tomado um cafezinho, diria que ele não existe. Que era jogada de marketing, mentira, conversa fiada, qualquer coisa.
Mas não é. O sujeito existe e é uma graça de pessoa.
Ele é tudo o que diz ser. Sua(s) empresa(s) é(são) tudo o que ele diz por aí.
Se eu já não estivesse num emprego que me satisfaz e/ou achasse que poderia gostar de trabalhar com ele, saía correndo já, preenchendo currículo.
Nesses anos desde que tomei contato com ele - através dos seus livros e nesse curto encontro que tivemos - Ricardo Semler é uma figura que me ensina uma pá de coisas. Primeiro, que uma boa dose de sorte não faz mal a ninguém. Nascer em berço de ouro facilita muito as coisas.
Mas depois, e aí é que tá a principal lição, a gente tem que ser ousado. E se negar a aceitar algumas coisas. E fazer de um tudo em busca da gente mesmo.
Terminei ontem a última pérola editorial dele, apropriadamente chamada "Você está louco!". Fiquei meio chocada ao ler sobre o acidente, feliz ao ler coisas que eu não sabia, e profundamente esperançosa ao imaginar que um dia um mercado de trabalho inteiro pode se dar conta do que ele implantou na empresa dele.
Amostra:
"O Butão não é tudo isso que falam, nem a felicidade é aparente lá, mas o raciocínio é inovador. Se fosse possível medir felicidade, o mecanicismo de um mundo movido a dinheiro seria revisto. E deveria ser revisto mesmo.
Se ganhar dinheiro não garante felicidade, o que garante? Certamente uma vida afetiva equilibrada, qualidade de vida sob controle e um trabalho desafiante resultam numa equação que aumenta a chance de serenidade e saúde. O curioso é que as empresas acham que tudo isso é baboseira, ou questão que só diz respeito ao empregado.
Vida afetiva equilibrada depende de ter tempo para a família. Se a empresa diz que a sede fica em tal endereço e o empregado que se vire para chegar lá, praticamente matou a chance de sobrar tempo para a família. É a empresa que condena o empregado a três horas por dia no trânsito, achando que não é problema seu."

Pois é. Fiquei uns dias lendo isso enquanto Gabriel Tarde se remexia na sala e a germanidade já tinha ido pro saco. Ainda bem.

Tuesday, November 14, 2006

Rain

Porra. Não guento mais chuva. Até parece que estou no paralelo 30.
Saí de casa hoje com sol - o que durou até chegar na Unirio. Aí desandou o caldo, literalmente. E foi interminável atéééé o meio da tarde. E nisso, leia-se: tomei um puta dum banho. Cheguei no trabalho parecendo um pinto molhado e desalinhado. Logo eu que tinha sido até elogiada pela minha roupa tão bonita hoje.
Mas quer saber? Nada disso foi capaz de estragar o dia.
Comi um extravagante e espetacular bolo de ABOBRINHA. Doce. Com canela. Dos deuses. Tomei um cappuccino e um banho perfumado. Tirei a noite pra ficar em casa de varde, eu, Ricardo Semler dando seus últimos suspiros e o Jack. Ainda estou decidindo o que assistir depois da novela. Que mais dá pra querer?
Ok, eu sei que dá pra querer mais, mas tô com preguiça de ligar.

Living on my own

Tenho pensado muito num trecho dum livro que li há muitos anos: Cem Dias entre Céu e Mar, do Amyr Klink. Foi o primeiro livro "comercial" dele, vendeu que nem água e até hoje é reeditado. Conta a travessia do Atlântico que ele, sozinho, fez a remo lá nos idos de mil novecentos e oitenta e bolinha. Não acho que o cara seja um grande escritor, mas ele tem lá os seus momentos. Como esse:

Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão... solidão foi a única coisa que não senti depois de partir. Nunca. Em momento algum. Estava, sim atacado por uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudade, mas nunca estará só.

É isso.

Monday, November 13, 2006

Sweet dreams

Deveria haver uma lei obrigando os homens a vestirem, pelo menos uma vez por semana, camisas (CAMISAS) brancas e calças pretas.

Sunday, November 12, 2006

Unbelievable

Me peguei numa sessão DR em plena Arnaldo Quintela às sete da manhã de domingo.
E tudo isso por causa do raio do New Order.
Lá vou eu pras anotações de astrologia. Usando conceitos anacarolinianos, dois bicudos (ou no caso, dois chifrudos de terra com as quatro patas enterradas no chão, self-oriented, radicais, straight to the point) talvez não dê certo.

Saturday, November 11, 2006

My way

Now I know that my way WAS the right way.
But suddenly I realized that I was stucked in the traffic.

Memória dos bardos das ramadas

Ligo a tevê hoje, na hora do Jornal Hoje, e sou brindada com três matérias sobre Porto Alegre, sobre chimarrão, sobre quelque chose próxima do paralelo 30.
Ligo a tevê hoje, na hora do Jornal Nacional, e vejo o Enart e suas invernadas artísticas.
Êitcha que nós vamos dominar o mundo com o fidalgo verso gauchesco.

Brain damage

Adivinhem quem é.
Tem 30 e poucos anos, um e setenta e pouquinho de altura, olhos e cabelos escuros, pele clara. Adoooora cozinhar, ama Pink Floyd e quer um G3.

Erraram.

Thursday, November 09, 2006

It's a mistake

Esquece neste momento a Ana Carolina.
Se eu não estou te dando linha é pra depois não nos abandonar.
Se eu não sei o que te dizer, é pra não dizer nada que me arrependa depois.
Porque eu mal te conheço e já sei que não vieste a passeio na vida. Eu acabei de te conhecer e já vi que levas tudo a sério, com respeito e dedicação. Já descobri que gostas de tudo às claras. Sem enrolação.
Mas se estou te enrolando agora, é porque eu seria capaz de te enrolar depois. É pra não ter que pedir um perdão inexplicável por alguma bobagem ou fraqueza. Porque não quero dar explicação. Porque não sei se vou poder suportar o teu peso e tua leveza agora, já.
Se eu calo, é pra não errar. Porque tu bem sabes que quando a gente erra com o outro, erra com a gente também.

Pronto, escrevi. Agora, falar que é bom, necas.

Miss Sarajevo

Pois então, este surto que não passa.
Mas espero que hoje tenha se encerrado o brinquedo.
Até porque gastar 60 pilas numa edição encadernada da Morte é só pra quem está surtado e desesperado, mesmo.

Mas aí eu embestei de comprar um rímel marrom. Preto é meio over demais pro dia, e nesta minha fase altamente grooming, preciso estar impecável sempre.
E cadê? Que coisa mais difícil é achar um rímel marrom. Fiquei me lembrando daquela época saudável em que se tinha rímel azul e verde em cada esquina. Tá, era na mesma época do gel com glitter pra cabelo, mas deixa pra lá.
Aí entro numa lojinha (da Contém 1g) pra perguntar se tem rímel marrom e a vendedora altamente ciente do seu potencial vendedor tasca: "Tem não. Mas PRA QUÊ você quer rímel marrom?"
Wanessinha, consumidora mais assídua e consciente do que eu, ficou puta, deu um jeito e saímos de lá antes que uma de nós batesse na besta. Quero porque quero, oras.
E a grande burrada do dia foi entrar na perfumaria chiquérrima pra perguntar se tinha. A vendedora pulou na frente de um display imenso da Bourjois, lançou mão imediatamente do rímel marrom, se ofereceu pra passar em mim, olha que pincel, e é hipoalergênico, yadda yadda. Ok, vamos ao que interessa. 60 REAIS.
E eles têm marrom, azul, roxo. Ai meus sais.
Fiquei de voltar lá, porque realmente ser hipoalergênico e ter um pincel de fibras alongadoras é um argumento fortíssimo para se gastar 60 pilas num cosmético.
Mas nada como uma Americanas sempre à mão. Por 17 pratas comprei um diacho de rímel e saí faceira da vida com meu novo brinquedinho - fugindo, obviamente, da decoração de Natal e dos DVDs do Eric Clapton, do Elton John e da Cher, por preços estonteantemente bons.

Aliás, o assunto Natal ainda vai render por aqui. Estou começando a sentir um certo banzo, nostalgia, sei lá o que. Mas realmente acho que vai ser difícil este primeiro Natal sem minha cara (de querida, não de valiosa) decoração natalina que me deixa tão feliz.

Cryin'

Fazia um certo tempo que eu não tinha essa vontade súbita de chorar. Mas o texto do Carpinejar de hoje está algo. Dolorido e sincero. Vão lá - e levem os lencinhos.

***
E também subitamente uma pequena saudade se plantou em mim. De mansinho. Chegou não sei bem quando e tá por aqui, me espiando pela porta.
Se o meu alemão bigodudo favorito aqui estivesse, citaria Zaratustra e suas três metamorfoses. Parece que meu leão quer virar criança. Mas não sei se o camelo renitente vai deixar.

Wednesday, November 08, 2006

Can't buy me love

Mas o resto...

Depois de quase ter um ataque epilético ao receber meu primeiro contra-cheque e descobrir que mais ou menos 90% do meu salário é de penduricalhos e gratificações (e que, portanto, meu vencimento básico é menor do que um salário mínimo), tive um surto de porca-capitalista-consumista-carentosa.
Saí das Americanas com 3 DVDs e um cd lôcos de especial.
Tenho que me cuidar, porque já tive um desses no domingo passado.

Tuesday, November 07, 2006

Suddenly

De repente, não mais que de repente, estou saindo do banho disposta a dar uma atençãozinha ao Gabriel Tarde quando meu olhar repousa na tela da tevê.
E lá está ela, sentadinha do lado do Gordo, dando sua entrevistinha como governadora (eleita! num lapso daquele gordo escroto).
Deve ter sido isso que me deu insônia e dor de cabeça o dia todo hoje. Aquela pessoa metida a sebo dando uma de gaudéria sem saber o que era pantalha e arrotando que é casada com "um gaúcho de Passo Fundo, tchê", terra de gente desconfiada e sincera, foi pra acabar com a minha segunda-feira.

Monday, November 06, 2006

Light my fire

Quando as coisas estão na pauta, pulam na nossa frente.
Hoje eu vi pelo menos umas três ou quatro vezes os termos "light" e "lighting".
Às vezes parece o destino pregando umas peças esquisitas...

Sunday, November 05, 2006

Brothers in arms

Meu irmão é foda.
Resolveu meu probleminha internético pelo telefone.
Guri bom, esse.

Saturday, November 04, 2006

Help!

I NEED SOMEBODY.
NOT JUST ANYBODY.
YOU KNOW I NEED SOMEONE.
HELP!

No caso em tela, um técnico de computadores, PELAMORDEDEUS.
Estou surtando sem internet em casa.
Meu computador simplesmente se nega a fazer qualquer coisa na rede - embora o modem esteja chuchu beleza e o menino da Velox tenha sido uma graça, revisando comigo pelo telefone tudo o que se podia fazer pra conferir a conexão.
Como não pretendo fazer a ponte aérea Rio-POA por agora e não quero passar sem internet até o Natal, vou ter que achar alguém por aqui mesmo. Aceito sugestões.

Thursday, November 02, 2006

Thriller

Ah, sim, eu ia me esquecendo de comentar.
Tem coisas que só Os Dj's Incríveis fazem por você.
Tocar Thriller na noite é uma delas.

Chove chuva

Chove lá fora e eu aqui doida pra ir tomar banho de chuva (mas não doida o suficiente para fazê-lo assim, de graça), curtindo o ventinho que entra pela janela e o barulhinho, ah o impagável barulhinho.
Me disseram que todo finados chove no Rio.
Eu não gostava de chuva até aprender a me dar bem com ela. Aqui, então, ando amicíssima da água.
Só peço que o Pedrinho pare com esse aguaceiro amanhã, senão mela meu peixe em Guaratiba! E eu sem máquina fotográfica.

Domingo

Hoje não é, mas tá com a maior cara.

***
Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua,
os homens pedem carne. Fogo.
Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei.
Meu nome é tumulto e escreve-se na pedra.

Drummond

***
Eu gosto das estrelas. Acho que é a ilusão da perpetuidade. Quer dizer, elas estão sempre se queimando, piscando e desaparecendo. Mas, daqui, eu posso fingir...
Posso fingir que as coisas duram... posso fingir que as vidas duram mais do que momentos.
Deuses vêm e vão.
Mortais lampejam, reluzem e se apagam.
Mundos não duram; estrelas e galáxias são coisas transitórias e fugidias que piscam como vagalumes e se desfazem em pó e frieza.
Mas eu posso fingir.

Neil Gaiman

Wednesday, November 01, 2006

Santa Maria (del Buen Ayre)

Se encontraram pela segunda vez dois meses depois.
Traída pelo esquecimento. Quis o destino que o "nunca mais" dela durasse só dois meses de insuportáveis mensagens virtuais, que sussurravam ao pé do ouvido a impossibilidade real de sucesso daquele encontro.
Todo dia um recado, uma mensagem, um papo lá pelas onze da noite. Todo dia. Todo dia.
Todo dia uma piada brutal sobre como mil e quinhentos quilômetros separam o querer do poder. Todo dia um aviso velado de que valeria a pena tentar - se se pudesse ao menos tentar!
Todo dia uma nova trilha sonora a embalar a distância. Uma troca de figurinhas musicais.
Mas é somente no segundo encontro que ela descobre qual é a trilha definitiva desse não-romance, dessa não-possibilidade.
É quando ele diz do quanto ficou feliz com a lista que ela mandou, a agora oficial consultora para assuntos musicais. É quando ele diz que chega em casa, tarde da noite, e põe o som a tocar para esquecer do dia pesado e cansativo. Quando ele conta que deita e fica olhando pro teto, só sentindo a música batendo dentro do peito.
Depois do reencontro, ela volta pra casa e reza. Bem baixinho. Para Santa Maria del Buen Ayre, que vele por ela e pela história impossível a mil e quinhentos quilômetros al sur.